E agora, para onde vai o dólar?

Por: Renan Schaefer


Vai viajar? Tem compras no cartão em dólar? Preocupando turistas, empresários, importadores e fazendo a alegria dos exportadores, nos últimos meses o dólar veio do patamar de R$3,10 – R$3,15, para bater em patamares próximos a R$3,80. Mas, o que causou isso? Para onde vai o dólar daqui para frente? As eleições podem afetar e deixar o câmbio mais volátil? Como se proteger dessas oscilações?
Este movimento recente do dólar foi, em grande parte, causado pela expectativa de crescimento das taxas de juros nos EUA, com um crescimento mais robusto da economia norte-americana, com as incertezas em relação ao cenário político brasileiro, escândalos incessantes de corrupção, insegurança institucional, dentre outros fatores que geram incerteza, e fazem com que investidores estrangeiros optem por fugir do risco e buscar opções mais seguras, principalmente com a valorização dos títulos norte-americanos.
Apesar de termos os fatores externos, como aumento dos juros por parte do Federal Reserve, Coréia do Norte, Irã, Síria, dentre outros, o que ditará o rumo do câmbio no Brasil será o cenário eleitoral. Quanto maior a possibilidade de um governo populista e/ou de esquerda ser eleito, maior tende a ser o aumento da volatilidade. Mesmo que o Banco Central do Brasil venha a tentar conter a volatilidade do câmbio, a aversão à risco pode levar a moeda americana a outros patamares de preço, tendo espaço para chegar a patamares próximos R$3,85, R$4,01 e R$4,25, patamar de setembro de 2015.
É recomendável prestar atenção no Dollar Index (DXY), que é um índice que mede o valor do dólar em relação uma cesta de moedas dos maiores parceiros de negócios dos EUA. Este indicador mede a força e demanda pela moeda americana, sendo um excelente parâmetro sobre os próximos passos do câmbio. Ao olhar o gráfico abaixo do Dollar Index, caso ultrapasse o patamar de 95 pontos, é bem possível que o índice venha a buscar o patamar de 103 pontos, o que puxaria, por consequência, o valor do dólar perante o real, que, por correlação, poderia chegar ao patamar de R$4,25 para mais. Contudo, é bem provável que o BACEN entre no jogo em alguns momentos para tentar conter a volatilidade excessiva do dólar.

Parte destas expectativas de valorização do dólar perante o real já estão sendo refletidas e apontadas no Boletim FOCUS do Banco Central[1]. As estimativas de crescimento do PIB em 2018 caíram de 2,75% há quatro semanas atrás, para 2,5% no dia 18/5/2018, a inflação, saiu de 3,49% há quatro semanas, para 3,50% hoje. O câmbio por sua vez também teve suas projeções ajustadas, saindo de R$3,33 há 4 semanas, passando para R$3,45 no dia 18 de maio. A imagem abaixo ajuda a ilustrar as variações das projeções nas últimas semanas.

Com a proximidade das eleições, o risco político deverá ditar o tom para o dólar, o que poderá trazer maior volatilidade ao mercado, fazendo com que o Banco Central entre no mercado para conter parte da volatilidade. Para os que irão viajar, ou que possuem exposição a variações cambiais, uma boa opção é comprar dólar periodicamente em pequenas quantidades, diluindo o risco das oscilações e fazendo o tão famoso “preço médio”. Para quem possui passivos em dólar, compra de contratos futuros de câmbio ou até mesmo a utilização de swaps cambiais, ajudando a ter uma proteção maior para os passivos.
Para os investidores, alocar uma parte da carteira em fundos cambiais e/ou compra de contratos futuros de câmbio, pode ser uma alternativa interessante para especulação num horizonte até o final de 2018, com o cenário eleitoral mais conturbado para os próximos meses. Vale ressaltar que, dependendo do resultado das eleições, caso um governo com menor propensão à formas e maior tendências de esquerda e tendências populistas, o cenário cambial pode ser ainda mais volátil e conturbado. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
[1] Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20180518.pdf>. Acessado em 25 de maio de 2018.

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