Ações para a aposentadoria

Por: Eliseu Manica

Ao investir em ações deve-se observar o tempo que é exigível para a maturação desse investimento. Isso é necessário eis que investir significa fazer parte de um negócio, participar dos seus lucros e como os lucros são demonstrados através dos balanços a cada trimestre, precisa-se do fator tempo para as cotações se ajustarem a esse lucro da empresa.

A estratégia de comprar parte de um negócio, no caso investir em ações, é denominada de buy and hold, ou comprar e manter. Compra-se um ativo quando esse negócio possui vantagens perante a concorrência, sendo esse negócio protegido da concorrência e que permitam a empresa a ajustar preços acima da concorrência e da inflação, não sendo esse produto umacommodity, ou seja, um produto que não seja produzido em larga escala. Depois do ótimo negócio é preciso saber se esse negócio está barato, se o preço a ser pago é menor que o valor que ele tem. Preço é uma coisa, valor é outra. Teoricamente uma Ferrari não teria que valer R$ 1 milhão, porém o valor que a marca Ferrari proporciona, através do status, da satisfação do consumidor, do acabamento, da exclusividade do produto é que agregam valor aos carros da marca. Em negócios é o valor que conta. No mercado financeiro, preço e valor tendem a andar próximos, porém é quando ocorrem desequilíbrios, entre preço e valor, é que surgem as melhores oportunidades. Como exemplo, uma empresa que tem lucros crescentes e recorrentes, cresce a média de 20% ao ano e em um determinado ano sua cotação cai 10% e no outro ano mais 10%. Isso normalmente é visto com algo negativo para o investidor, porém, isso é uma oportunidade. É como um promoção momentânea em que um automóvel passa a fazer mais kilômetros por litros de combustível utilizados e fica com o preço mais barato para compra. Temos nesse caso, um aumento no valor do automóvel (rendendo mais) e uma diminuição do preço. É preciso aproveitar quando surgem oportunidades como essas, assim como no mercado financeiro.
Visando facilitar o buy and hold irei comentar algumas ações para a aposentadoria. São negócios que têm tudo para durar ao longo do tempo, alguns não estão baratos no momento, porém são negócios que têm tudo para a perpetuação ao longo dos anos, aproveitando com isso o trabalho dos juros compostos. Alguns deles temos em nossa carteira de investimentos.
Ezetec: construtora focada na média e alta renda. Negociada a 10 vezes o seu lucro dos últimos 12 meses. Nos últimos 5 anos o crescimento anual foi na ordem de 22,9%. Paga dividendos de 1,7% ao ano e a cotação sobe 27,43% apenas em 2013. É a maior margem líquida do setor, com 46,2%. Não tem dívida líquida, sendo que possui disponibilidades em caixa. Alta geradora de caixa. Tem o maior empreendimento comercial do Brasil, o Ez Towers, com duas torres avaliadas em R$ 1,2 bilhões. Uma dessas torres já foi vendida para a São Carlos Empreendimentos. Compramos essas ações em 2009 e continuamos a comprá-las a cada ano. A cotação era R$ 3,11 e hoje passa dos R$ 32,00.
Grendene: Empresa do setor varejista calçadista. Alguns podem temer a concorrência chinesa no setor, porém hoje a empresa exporta 38,6% do total do setor. Tem margens altas, como a margem líquida que beira os 22%. Paga somente em dividendos 4,9% anualmente. Comecei a comprá-la em 2009 perto dos R$ 8,00 e hoje a mesma está valendo R$ 20,40. Empresa com alto valor agregado. Você acha que alguém vai parar de usar chinelos? Nunca. Sendo assim, uma das empresas a se manter em carteira visando a aposentadoria, mesmo não estando tão barata.
Ambev: Empresa do empreendor Jorge Paulo Lemann, o maior empreendedor da economia real do Brasil atualmente (Eike Batista nunca foi empreendedor da economia real, mas um vendedor de powerpoint e sempre comentei isso aqui antes). Produz cervejas, refrigerantes. Margem líquida de 31,7%. Retorno sobre o patrimônio de 33,7%. Dividendos de 2,8%. Não a tenho em nossa carteira, porém é uma empresa que deve constar em uma carteira visando aposentadoria, devido ao negócio e pela expertise de seus controladores.
Cielo: empresa do setor de cartões. A tendência é que o dinheiro como papel acabe. Ainda usa cheque? Já notou que há uma diminuição desse item como pagamento? O mundo hoje irá partir para transações eletrônicas, cada vez com um peso maior. Cielo tem o domínio do setor. Margem líquida de 43%, não precisa de um grande investimento em imobilizado, máquinas, pois as “maquininhas” tem um custo pequeno e a empresa ganha um percentual a cada transação realizada. Paga dividendos na ordem de 3,3% e a ação sobe 43% apenas em 2013.
Banco do Brasil: mesmo sendo um banco estatal (o mercado financeiro dá um desconto para empresas que têm participação do Governo no negócio) é um ótimo investimento. Paga 8,5% de dividendos, tem lucros recorrentes e ganhará com a elevação da Selic nesse médio prazo. Está entrando aos poucos no financiamento imobiliário. Mesmo com a ingerência política tem um dos menores patamares de provisão para devedores duvidos (PDD) perto de 3%. Temos essa ação comprada a R$ 20,00 e hoje está cotada a R$ 28,00. Preço ainda barato pelo valor que tem o Banco e principalmente pelas participações que ele detêm no braço de seguros, na Cielo, entre outros ativos estratégicos.
*Consultor de Investimentos – MBA em Mercado de Capitais pela FGV, aprovado pela Associação Nacional de Corretoras (ANCOR), Certificado de Especialista em Ativos – Anbima (CEA); CPA-20, Conteúdo Brasil (CB) e Conteúdo Técnico (CT) do Certificado Nacional dos Profissionais de Investimento (CNPI-T). Membro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC) e do Instituto Nacional de Investidores (INI).

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