Empreendedores

Por: Eliseu Manica

Semana passada, retornei de São Paulo, pois estou realizando um Master – Pós MBA em Governança Corporativa e Avaliação de Ativos. Uma das matérias desse curso foi empreendedorismo. Confesso que fiquei fascinado com a troca de experiências desse curso, onde sou um dos mais novos e mesmo não podendo contribuir com as trocas de ideias e discussões, devido à experiência ainda singela em empreendedorismo, tais aulas exerceram fascínio em mim. Ficou claro que para o rápido desenvolvimento de uma comunidade, é fundamental o crescimento do lado empreendedor dessa comunidade. Empreender é mais do que criar uma empresa ou negócio. O verdadeiro empreendedor coloca em prática seu sonho.

Observa o ambiente em que vive, procurando melhorias para serviços, procedimentos, facilidades. Inova! Através desse negócio conhece pessoas. O verdadeiro empreendedor tem brilho nos olhos e trata a sua criação como se fosse um filho.
Confesso que um novo mundo abriu-se para mim. Voltei à terrinha amada depois de uma semana intensa de curso. Retornei e comparações com nossa cidade iniciaram-se. Por que razão nossos jovens tem dificuldade em empreender? Por que não somos uma cidade empreendedora? Seria a tendência de permanecer na zona de conforto, a inércia que nos dominam? Fico imaginando daqui a 30, 40 anos, me colocando no lugar dessas pessoas e perguntando-me: “Qual o legado que deixei? Mudei positivamente o ambiente em que vivi?!” Tenho certeza que é para isso que serve o trabalho. E trabalho é mais do que um emprego. Trabalho é escolha, é encontrar o que se ama. É realizar o bem para os outros. É sentir-se útil e ver que se está fazendo a diferença. Que é preciso transcender, evoluir, melhorar a cada dia. E, em tudo isso, entram os empreendedores. É o comportamento que faz um empreendedor. É sair da zona de conforto.
Muitos comentam que os jovens de hoje focam muito em festas. Isso não é ruim, mas nossos jovens precisam focar em algo que produza para todos os membros. É preciso equilíbrio! O que me deixa feliz é que ainda há esperanças. Na última quarta-feira, por exemplo. Na empresa que possuo com outros sócios, por estar no térreo, sempre há pessoas de maneira rotineira pedindo coisas. Entre elas, há um menino, que de tempos em tempos vem até nós. Uma hora é o pneu de bicicleta, outra uma viagem com a turma do colégio, comprar roupas. Pois na quarta-feira lá veio ele novamente, mencionando que precisava de R$ 20,00 para realizar uma viagem com a sua turma. Quando ele apareceu na porta eu já sabia que viria algum pedido. Na hora imaginei o que fazer com ele, pois raramente dou dinheiro, respeito quem faz isso, mas isso estimula as pessoas a não pensarem, a terem o peixe e não aprenderem a pescar. Se alguém tem dois braços, duas pernas e o principal de tudo, uma mente, sempre haverão saídas. No caso desse menino perguntei para ele, se o mesmo teria pensado em uma alternativa para conseguir o dinheiro. Comentei se ele queria trabalhar. Ele me dizendo que por possuir 13 anos, ninguém queria dar emprego a ele, mas que sim queria produzir, criar algo. Na hora uma ideia apareceu na minha cabeça. Sabia que ele queria trabalhar, mas não tinha oportunidade.
Tinha algumas moedas em meu bolso. Fomos até o R$ 1,99 e compramos com as moedas, alguns pacotes de bala e alguns saquinhos menores de plástico para colocar essas balas, que chegaram ao total de 10 saquinhos. Dei a ideia de vender por R$ 1,00 e “testar o mercado” vendendo alguns a R$ 2,00. Pronto, lá foi ele vender as balas. Para minha surpresa em menos de 30 minutos todas as balas estavam vendidas. R$ 2,50 viraram R$ 18,00. Perguntei então ao Matheus: “E ai cara, o que vai fazer com o dinheiro agora?” Resposta dele e que me encheu de alegrias: “Comprar mais balas!”. Fui com ele até o R$ 1,99 e reinvestimos o fruto das suas vendas. Agora eram 20 saquinhos. Matheus foi para as vendas. Trinta minutos passaram-se e novamente ele volta com tudo vendido. Os R$ 18,00 viraram R$ 44,00. Novamente fomos comprar mais mercadorias. Nesse meio tempo, explicava-lhe para reinvestir no negócio, não deixando ele morrer, reinvestindo o dinheiro e alimentando o negócio.
Comentei sobre como abordar as pessoas, olhando nos olhos e chamando pelo nome, som esse que é o que mais agrada o ser humano: o próprio nome. Certamente, além disso, o Matheus aprendeu com a prática. Só sei que ao final desse aprendizado mútuo, tanto dele quanto meu, o Matheus que começou com o intuito de pedir R$ 20,00 para uma viagem já vislumbrava continuar com isso futuramente. Se ele vendesse todas as mercadorias, o valor obtido seria acima de R$ 100,00. E o que ficou? Que temos empreendedores em nossa cidade, que isso é nato ao ser humano, mas que precisamos de um ambiente organizado e incentivos para florescer. Obrigado Matheus por me fazer acreditar!
Um grande abraço e até a próxima.

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