Morning Call 02/03
Por: Filipe TeixeiraPetrobras anuncia mudança no pagamento de dividendos; Futuros em NY operam no negativo
As ações asiáticas encerraram a quinta-feira em queda (exceção ao índice Kospi, da Coreia do Sul), mesmo caminho apontado pelos futuros em Wall Street, onde os rendimentos da dívida pública americana continuaram a subir após outra rodada de comentários “hawkish” por membros do Federal Reserve.
Os contratos futuros do Euro Stoxx 50 recuam levemente, antes dos dados da inflação europeia, que serão divulgados nesta quinta.
A taxa de referência da dívida de 10 anos do governo dos EUA foi se consolidando acima de 4% durante as negociações asiáticas, pesando sobre as ações de Tóquio a Hong Kong e Mumbai. As empresas de tecnologia chinesas listadas em Hong Kong foram as mais atingidas, caindo mais de 1,5%, após uma forte alta na quarta-feira.
Os mercados de swaps estão agora precificando uma taxa de juros máxima de 5,5% em setembro, com alguns investidores apostando que pode chegar a 6%. As apostas estão diminuindo o apetite por risco em mercados de todo o mundo, mesmo com a China oferecendo esperança com sua economia se recuperando acentuadamente depois que Pequim abandonou sua política de Covid-zero.
A reabertura bem-sucedida da China é um ponto positivo para os investidores, mas em tempos de inflação acentuada, acaba adicionando uma pressão cíclica elevada, devido à grande quantidade de demanda reprimida, especialmente em relação à commodities.
O dólar subiu em relação às suas contrapartes do G-10, com as moedas ligadas à matérias-primas e exportadores de energia como Austrália, Nova Zelândia e Noruega mostrando as maiores quedas.
O gatilho para a projeção de juros mais altos e por mais tempo vieram novamente por parte das autoridades do Fed, que nesta quarta-feira reforçaram sua postura agressiva. Raphael Bostic, do Fed de Atlanta, pediu aumentos contínuos das taxas acima de 5% para garantir que a inflação não suba novamente. Enquanto isso, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, disse estar preocupado com o fato de não haver muita indicação de que os aumentos de juros do banco central estejam desacelerando o setor de serviços.
Entre as commodities, o petróleo opera em leve baixa após ganhos nos últimos dois dias, com os investidores avaliando o potencial renascimento da demanda chinesa contra as preocupações com a política monetária mais rígida dos EUA.
Por aqui, a Petrobras contabilizou recorde de lucros e dividendos em 2022, ainda que sob forte pressão da ala política ligada ao PT, justamente por conta do pagamento bilionário a seus acionistas.
A companhia deve distribuir uma cifra recorde de R$ 215,7 bilhões, referente ao exercício de 2022, o que corresponde a mais do que o dobro do que foi pago em 2021. O montante representa três vezes o orçamento atual do Bolsa Família. O valor dos dividendos supera inclusive o lucro da empresa.
A estatal anunciou ontem (01), um lucro histórico de R$ 188,3 bilhões, sendo 76,6% superior ao apurado no ano anterior. O desempenho foi puxado pelos altos preços do petróleo e derivados no mercado internacional, muito em função dos reflexos da invasão russa à Ucrânia.
Para o futuro, os valores prometem ser mais modestos: de acordo com fontes ouvidas pelo Estadão, o conselho de administração concordou em não frustrar expectativas do mercado financeiro criadas pela administração anterior, em reunião realizada nesta quarta-feira.
Ficou acertado um desembolso de R$ 35,7 bilhões em dividendos referentes ao quarto trimestre, sendo que R$ 6,5 bilhões desse total formará uma reserva estatutária que poderá ser usada para investimentos, caso a medida seja aprovada na próxima assembleia de acionistas, prevista para 27 de abril.