Por: Filipe Teixeira
Mercados globais apontam para recuperação; Lula volta a criticar Campos Neto e autonomia do BC
A primeira semana de março termina com as ações asiáticas encerrando em alta, com os futuros em Wall Street trabalhando no terreno negativo e com o indicador de ações globais da MSCI próximo de interromper uma série de perdas que já durava três semanas, à medida que os investidores avaliam o impacto negativo das taxas de juros mais altas nos EUA, contra os sinais positivos de crescimento da economia da China.
As ações asiáticas subiram cerca de 1%, lideradas pelos ganhos em Hong Kong e Tóquio nesta sexta-feira, depois de um dia de ganhos nos mercados de Wall Street na véspera, quando o S&P 500 deu o maior salto diário em mais de duas semanas.
O otimismo no mercado financeiro de ações foi bancado por comentários do presidente do Federal Reserve Bank de Atlanta, Raphael Bostic, de que o banco central poderia estar em posição de fazer uma pausa no aumento dos custos de empréstimos em algum momento deste verão. Ainda assim, parte dos investidores continuam a se concentrar nos riscos inflacionários e em comentários mais agressivos de outras autoridades do Fed.
Os comentários de Bostic, que não é membro votante nas decisões políticas do Fed neste ano, foram vistos como pacifistas por alguns investidores, enquanto outras autoridades reforçaram nos últimos dias sua retórica mais agressiva.
No aftermarket , o conselheiro do Federal Reserve, Christopher Waller, disse que seria a favor de aumentar as taxas de juros ainda mais do que sua perspectiva atual se os indicadores econômicos continuarem mais quentes do que o esperado.
O dólar se encaminha para sua primeira perda semanal desde janeiro. O declínio ocorreu após os dados do Caixin China PMI, mais fortes do que o esperado, impulsionando assim a demanda dos investidores por ativos de risco.
O foco agora está em quanto as taxas de juros podem subir nos EUA e na Europa, com os mercados de swaps precificando uma taxa máxima de 5,5% em setembro, e alguns investidores apostando que a taxa básica de juros pode subir para até 6%.
Entre as commodities, o petróleo opera em leve baixa, mas encaminha para o primeiro ganho semanal em três semanas, com o otimismo sobre a recuperação da China compensando as preocupações persistentes com a política monetária mais rígida dos EUA.
Por aqui, após uma breve trégua, o presidente Lula decidiu fazer novas críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, exigindo uma explicação sobre o atual patamar da taxa básica de juros (Selic), afirmando ainda que logo pode haver uma crise de crédito no País.
”Qual é a explicação de ter um juros a 13,75% em um país em que a economia não está crescendo?”, questionou o chefe do Executivo, em entrevista à Rádio BandNews FM, nesta quinta-feira.
Mais cedo, Lula disse que o PIB de 2022, divulgado nesta quinta-feira, mostra que a economia brasileira não cresceu “nada” no ano passado. Ao se referir a Campos Neto, Lula disse que é um “cidadão, que não foi eleito para nada” e que “acha que tem o poder de decidir as coisas” e ajudar o País.
“Não, você não tem que pensar como ajudar o Brasil, tem que pensar como reduzir a taxa de juros”, comentou. “Ele tem que estar preocupado com inflação, emprego e crescimento da economia. Este País não pode ser refém de um único homem”, pontuou o presidente.