A possível guerra comercial entre EUA e China e como isso pode afetar o mercado brasileiro

Por: Renan Schaefer

Recentemente o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma série de taxações e impostos para diversos produtos importados pelos EUA, como por exemplo, impostos de 25% sobre a importação de aço e 10% sobre a importação de alumínio, o que levou a China, maior afetada pelas medidas, a retaliar com uma série de taxações de produtos americanos. No total, Trump já anunciou taxações que podem chegar à US$150 bilhões[1], o que poderia diminuir o volume do comércio global, reduzindo por consequência, o crescimento econômico mundial.
O aço brasileiro estava, num primeiro momento, incluso nas taxações extras impostas por Trump, mas através de negociações, o Brasil foi retirado da lista de países que sofreriam tais “sanções”, pelo menos até o final de abril[2], onde será necessário mais uma rodada de negociações entre os dois países para retirada dos impostos para os produtos brasileiros.
Esta medida de Trump é parte de uma promessa de campanha que tinha o slogan de “America First”, que visava não só proteger a economia americana, mas também trazer um maior equilíbrio às contas da balança comercial dos EUA, que possui um déficit bastante grande, como ilustra o gráfico abaixo. Somente em janeiro de 2018, o déficit comercial atingiu US$56,6 bilhões[3], o maior desde outubro de 2008, e que leva a um desequilíbrio das contas bastante grande. Apesar de ser uma medida protecionista por parte de Trump, a medida faz certo sentido, pois é necessário que os EUA de fato coloquem suas contas públicas em ordem. Para se ter uma noção, a dívida americana já ultrapassa os US$21 trilhões (isso mesmo, TRIlhões)[4], e não será fácil botar estas contas em dia sem atitudes, muitas vezes “amargas”, algo bastante similar com o que o Brasil vem tentado fazer, mas numa proporção consideravelmente menor.
EUA e China
Imagem 1: Importações (vermelho) e Exportações (azul) dos EUA Fonte: http://atlas.media.mit.edu/wh3brz
 
Para o mercado brasileiro, a principal preocupação é com as sobretaxas de produtos como o aço, uma das maiores pautas da exportação brasileira para os EUA, que já no anúncio de Trump, afetou as ações de siderúrgicas brasileiras. Contudo, neste cenário, existem algumas empresas, como Gerdau, que possuem operações nos EUA, o que eventualmente não a afetaria tanto como outras siderugicas brasileiras.
Por outro lado de forma mais ampla, o acirramento das sobretaxas em nível mundial, poderá gerar uma elevação dos custos de produtos e uma desaceleração no comércio internacional, freando o consumo global e consequentemente reduzindo o crescimento econômico global. Contudo, as chances de a “guerra comercial” de fato se concretizar são baixas, as sobretaxas ainda precisam de autorização no congresso dos EUA, não são um decreto presidencial, e ainda existem uma série de negociações que visam justamente encontrar um equilíbrio entre o comércio de ambos países. Apesar de Trump anunciar o “America First” (América em Primeiro Lugar, numa tradução livre), ainda existe um longo caminho de negociações e que podem evitar maiores solavancos na economia mundial. Por ora, gera incertezas, mas ainda nada concreto de uma guerra comercial, de fato.
 
[1] Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/entenda-a-guerra-comercial-entre-eua-e-china-e-como-ela-pode-afetar-a-economia-mundial.ghtml>. Acessado em 15 de abril de 2018.
[2] Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/04/entenda-como-acoes-de-eua-e-china-movem-o-mundo-em-direcao-a-uma-guerra-comercial.shtml>. Acessado em 15 de abril de 2018
[3] Disponível em: <https://istoe.com.br/deficit-comercial-dos-eua-atinge-em-janeiro-maior-nivel-em-mais-de-9-anos/>. Acessado em 15 de abril de 2018
[4] Disponível em: <http://www.usdebtclock.org/>. Acessado em 15 de abril de 2018

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