As pesquisas eleitorais e o mercado financeiro

Por: Renan Schaefer


Começamos mais uma época eleitoral, com campanhas sendo intensificadas, candidatos definidos, propostas sendo apresentadas e uma série de pesquisas de intenção de votos sendo realizadas para que se consiga prever com um nível maior de assertividade quem poderá vir a ser o novo presidente do Brasil, e que rumos a nossa economia poderá tomar. Nesse contexto surge uma pergunta bastante importante, por que as pesquisas eleitorais têm tanto efeito nos mercados? O que posso fazer para proteger meus investimentos?
Essa eleição de 2018 talvez seja a mais importante que o país passará desde a democratização e o voto direto, digo isso pelo momento relevante em que passamos, com uma série de reformas necessárias (previdência, política, constitucional, tributária, dentre outras), com uma situação fiscal bastante complexa e com desafios bastantes complexos para o futuro. Além disto, vivemos um momento ímpar de polarização política, com a população sendo dividida praticamente em duas vertentes, os pró-PT e os anti-PT. De um lado, a proposta de aumento do estado, da revogação da reforma trabalhista, não realizar a reforma da previdência, realização de pacotes de obras – semelhante ao que foi o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que deixou diversas obras inacabadas e um volume de recursos públicos mal aplicados exorbitante -, dentre outras propostas que não citam da onde virão os recursos para sua implementação e resolução dos problemas estruturais que a economia brasileira possui. De outro lado temos uma vertente que aparenta ser mais liberal, com proposição de reformas, redução do Estado, privatizações, atração de capital estrangeiro, além de buscar trazer segurança jurídica para os contratos brasileiro, algo que gera bastante receio por parte de investidores estrangeiros.
Para os investidores, no momento que sai uma pesquisa que coloca próxima a possibilidade de vitória de um candidato reformista e com viés pró-mercado, o mercado fica animado, haja vista a possibilidade de reaquecimento da atividade econômica, melhoria do ambiente de negócios, e antecipando uma potencial entrada de novos investimentos no país. Por outro lado, ao ver um candidato com o viés oposto, gera tensão, dificuldade de se prever os prováveis rumos que a economia poderá tomar. Uma boa metáfora é que o capital flui como a água, quanto menores barreiras, mais ele fluirá para um determinado lado, e quanto mais barreiras, menos o capital flui.
Voltando à temática das eleições e as pesquisas, elas nos trazem uma possibilidade, com certa segurança, de como será o quadro eleitoral nos próximos meses. Hoje, muitos bancos, fundos e outros atores do mercado financeiro brasileiro e globais, têm usado a tecnologia como aliado para tentar identificar de forma mais precisa os potenciais resultados. Por exemplo, usando de tecnologias de “Big Data Analytics” para mapear em redes sociais, notícias, etc., a probabilidade de voto em determinado candidato de acordo com comentários, postagens, etc.
Para os investidores mais sofisticados, essas ferramentas ajudam no desenho de uma carteira “ótima”, visando a maximização dos retornos e redução dos riscos. Por exemplo, ao vermos a possibilidade de um candidato de direita ser eleito, o mercado responde com altas, queda do dólar e maior propensão ao risco. Por outro lado, ao ver um candidato de esquerda, o mercado tem respondido com receio, com queda das bolsas e ações, aumento do dólar, ouro e outros ativos considerados mais seguros, justamente pelas incertezas e com a dificuldade de previsibilidade da economia.
O capital sempre busca maior previsibilidade, por isso, em momentos mais voláteis da economia, as ações de elétricas, saneamento, etc., são consideradas defensivas, pois são justamente as com resultados mais previsíveis. Neste sentido, a busca por visibilidade dos resultados eleitorais baseados em pesquisas acaba gerando bastante turbulência nos mercados.
Uma coisa é certa, pelo menos até outubro teremos um cenário de bastante volatilidade, com possibilidade vermos uma propensão ao risco maior no caso de um candidato de direita ser eleito, e com uma aversão ao risco similar à vista em 2002, na primeira eleição de Lula, quando o mesmo falava que não pagaria a dívida externa, que desfaria uma série de reformas recém implementadas, o que levou à um aumento expressivo do dólar e da taxa Selic (que teve que ser elevada a um dos patamares mais altos da história econômica brasileira para se tentar conter a subida do dólar). Cabe ao investidor contar com um assessor especializado para tentar mitigar os riscos de sua carteira, aplicando em ativos menos voláteis, apostando um pouco em ativos de maior risco, na expectativa de movimento mais bruscos do mercado – independente do lado, para cima ou para baixo.
Os brasileiros precisam dar a devida atenção ao cenário eleitoral e os prováveis futuros de nosso país. Essa com certeza será a eleição mais importante que passaremos desde a democratização e do voto direto.

Inscreva-se na newsletter

Fique por dentro das novidades



    Acompanhe nossas redes