Como investir em momentos de crise
Por: Lucas MaltzahnInvestir é uma prática que requer conhecimento, paciência e coragem. Em tempos de crise, essa prática pode ser ainda mais desafiadora.
A instabilidade econômica, a volatilidade dos mercados e a incerteza quanto ao futuro, podem gerar insegurança e tornar o investimento uma atividade arriscada.
No entanto, é possível investir de forma inteligente e obter bons resultados mesmo em tempos difíceis.
Neste artigo, vamos entender os ciclos de mercados e saber qual a melhor estratégia para investir em tempos de crise.
- Entenda os ciclos de mercado
- Tipos de ciclos de mercado
- Avalie sua situação financeira
- Diversifique seus investimentos
- Invista em seguros
- Fique atento às oportunidades
- Aproveite a tecnologia
- Como diversificar
- Entenda o seu perfil de investidor
- Crie a sua estratégia de investimentos alinhada
Para entender como podemos elaborar uma estratégia de investimentos para passar por crises econômicas precisamos entender como a economia funciona em geral, para isso devemos saber como funcionam os ciclos de mercado.
O que são ciclos de mercado?
Os ciclos de mercado são os períodos de tempo em que o mercado financeiro passa por altas e baixas.
Esses ciclos são inevitáveis e fazem parte da natureza dos investimentos. Eles podem durar de alguns meses a vários anos e podem ser influenciados por uma série de fatores, incluindo eventos sanitários (como a pandemia do Covid em 2020), políticos ou geopolíticos.
É importante notar que não há uma fórmula precisa para prever ou determinar o tempo ou a magnitude desses ciclos.
Entender esses ciclos são essenciais para saber que irão surgir momentos de crise e momentos de alta, momentos de taxa de juros alta e momentos de bom desempenho nas bolsas e etc.
Tipos de ciclos de mercado
Existem vários tipos de ciclos de mercado que os investidores devem estar cientes, vamos entender os três principais ciclos que impactam os investimentos e levam uma economia a entrar e sair de uma crise financeira.
Estamos falando, basicamente, dos ciclos psicológicos, de negócios e de ações.
Ciclos psicológicos
Referem-se aos altos e baixos do crescimento econômico, durante um ciclo, a economia passa por quatro fases: expansão , pico, contração e recessão.
Expansão
Nesse período, a economia de um país experimenta uma fase de crescimento consistente da produção de mercadorias e serviços.
Normalmente as taxas de juros estão num patamar baixo o que posteriormente pode estimular pressões inflacionárias.
Pico
Fase da qual a produção de bens e serviços alcança o seu ponto máximo. Nesses picos normalmente acontecem desequilíbrios econômicos tais como aumento da inflação e necessidade de elevação da taxa de juros.
Contração
Ocorre quando é percebida uma diminuição da atividade econômica e as taxas de desemprego se encontram em tendência de elevação constante.
Recessão
Ocorre quando atingimos o ponto mais forte da crise macroeconômica, onde é caracterizado por alto desemprego, sobras relevantes de capacidade instalada e taxas de juros elevadas.
Ciclos de negócios
Referem-se aos altos e baixos dos lucros e das receitas de uma empresa, durante um ciclo de negócios, as empresas passam por quatro fases: crescimento, pico, declínio e recessão.
Essas fases seguem a mesma ideia dos ciclos psicológicos, mas não tem correlação nenhuma a taxa de juros da economia.
Ciclos do mercado de ações
Esses se referem aos altos e baixos dos preços das ações. Durante um ciclo de mercado de ações, as ações passam por três fases: alta, queda e recuperação.
Alta
Momento que a bolsa de valores está em plena ascensão, empresas de diversos setores estão crescendo. Esse cenário possui uma leve relação contrária à taxa de juros da economia. Ou seja, geralmente a taxa de juros nesses momentos estão em patamares baixos.
Queda
Momento em que as empresas listadas na bolsa estão em amplo declínio, geralmente acontece quando a taxa de juros da economia está alta. Deste modo o crédito se encontra em patamares caros e a renda fixa se encontra com um bom rendimento.
Recuperação
Quando a economia está voltando a se recuperar, as taxas de juros estão começando a cair e as empresas estão voltando a ter boas margens de negociação.
A estratégia de investimentos para passar pelas crises devem estar embasadas nos ciclos de mercados, ou seja, em uma estratégia que consiga proteger a carteira em um momento de depreciação, queda de ativos, inflação alta e decrescimento econômico e ao mesmo tempo deve permitir aproveitar os momentos de alta do mercado, remunerações altas com os ciclos de taxas altas e inflação, visto que não tem como definir quando a economia mudará de ciclo exatamente.
Assim é papel do investidor possuir uma carteira com uma boa estratégia de longo prazo!
Pontos importantes para elaborar uma boa estratégia de investimentos
Tudo tem um ponto de partida, e com investimentos não é diferente.
Para falarmos em uma carteira com uma boa estratégia de investimentos perante a crise, temos que conhecer algumas coisas sobre nós mesmos de antemão.
Para isso é preciso fazer um autoconhecimento buscando avaliar as seguintes questões:
Avalie sua situação financeira
Antes de começar a investir, é importante avaliar sua situação financeira. Isso significa verificar suas dívidas, seus gastos familiares e sua capacidade de poupança.
É importante ter uma reserva de emergência para cobrir despesas inesperadas e evitar a emergência em momentos de crise.
Além disso, é fundamental ter uma visão realista de seus objetivos financeiros e do prazo em que pretende alcançá-los.
Com essa avaliação, você poderá definir um plano de investimentos adequado às suas necessidades e possibilidades, permitindo estar sempre alinhado a sua carteira de investimentos com o seu momento de vida.
Diversifique seus investimentos
Diversificar os investimentos é uma das principais estratégias para investir em tempos de crise.
Isso significa não colocar todos os ovos na mesma cesta, ou seja, não investir todo o seu dinheiro em um único tipo de investimento.
Ao diversificar, você minimiza os riscos de perda e aumenta as chances de obter bons resultados.
É possível diversificar investindo em diferentes classes de ativos, como ações, títulos públicos, fundos imobiliários, entre outros.
Também é importante diversificar dentro de cada classe de ativos, escolhendo diferentes empresas ou setores para investir. Vamos abordar melhor esse aspecto mais para frente neste artigo.
Invista em ativos seguros
Em tempos de crise, é natural que os investidores tenham mais cautela e busquem ativos seguros.
Isso inclui investimentos em títulos públicos, como o Tesouro Direto, que oferecem baixo risco e liquidez facilitada.
Os títulos públicos são emitidos pelo governo federal e têm como garantia a própria dívida pública.
Outra opção segura são os fundos DI, que investem em títulos de baixo risco e têm como objetivo acompanhar a taxa de juros básica da economia.
Além disso, investir em ouro é uma opção para proteger o patrimônio em momentos de instabilidade econômica.
Fique atento às oportunidades
As crises também podem trazer oportunidades de investimento.
Quando os preços dos ativos caem, é possível encontrar oportunidades de comprar ações de empresas sólidas a preços mais baixos do que o normal.
No entanto, é importante ter cautela e não se deixar levar pelo pânico do mercado.
É preciso avaliar bem as empresas em que pretendem investir, sua saúde financeira e sua capacidade de se recuperar da crise.
Além disso, é importante ter em mente que essas oportunidades podem exigir paciência e um horizonte de investimento mais longo.
Aproveite a tecnologia
O acesso à informação, nos dias de hoje, é muito facilitado e a tecnologia nos auxilia com esse processo, são diversos mecanismos digitais e tecnológicos que nos auxiliam a fazer boas análise de oportunidades.
E se utilizar delas em um momento que as oportunidades podem parecer boas ou não é uma ideia importante e que pode fazer muito sentido.
Porém, ainda não inventaram nenhuma ferramenta que possua um viés humanizado, sentimental e que sinta o mercado, por isso saber se utilizar das ferramentas tecnológicas e uni-las com as habilidades humanas pode fazer toda diferença nesses momentos.
Esses aspectos avaliativos acima são fundamentais para o investidor criar uma boa estratégia de investimentos que suporte crises. conhecendo e avaliando essas situações certamente a estratégia colherá muitos frutos bons em todos ciclos econômicos.
Mas então, como investir em momentos de crise?
Como já citado acima, a melhor estratégia para enfrentar crises e ganhar com momentos de alta é manter uma posição diversificada.
A diversificação de investimentos é uma das principais estratégias para investir em tempos de crise.
Ela consiste em investir em diferentes tipos de ativos, classes de ativos e setores da economia, com o objetivo de minimizar os riscos de perda e aumentar as chances de obter bons resultados
Como diversificar os investimentos?
O primeiro passo para diversificar uma carteira é ações é saber todos os modos que podemos diversificar, certo?
E a partir disso utilizar as metodologias que estão alinhadas com o nosso perfil e objetivo financeiro. Então vamos conhecer as maneiras que podemos diversificar uma carteira de investimentos
Diversificar as classes de ativos
As classes de ativos incluem ações, títulos, imóveis, commodities, entre outros.
Ao investir em diferentes classes de ativos, o investidor reduz o risco de perda, já que cada classe de ativos tem suas próprias características e reage de forma diferente às crises econômicas.
Diversificar dentro de cada classe de ativos
Dentro de cada classe de ativos, é possível investir em diferentes empresas, setores da economia, países, entre outros.
Quando o investidor diversifica dentro de cada classe de ativos, ele reduz o risco de perda causado por eventos específicos, como problemas financeiros em uma empresa ou crise em um país.
Investir em diferentes tipos de títulos
Os títulos incluem títulos públicos, privados, de renda fixa, de renda variável, entre outros. Ao investir em diferentes tipos de títulos, o investidor reduz o risco de perda causado por problemas específicos em um tipo de título.
Investir em diferentes países
Investir em diferentes países é uma forma de diversificar o risco de perda causado por problemas específicos em um país. No entanto, é importante lembrar que investir em países estrangeiros envolve riscos adicionais, como o risco de câmbio e o risco político local.
Investir em diferentes prazos de vencimento
Ao investir em diferentes prazos de vencimento, o investidor reduz o risco de perda causado por mudanças nas taxas de juros.
Isso ocorre porque os títulos com prazo de vencimento mais curto têm menos sensibilidade às mudanças nas taxas de juros do que os títulos com prazo de vencimento mais longo.
Agora que conhecemos as principais formas de diversificação de uma carteira de ativos precisamos alinhar com o nosso perfil de investimento para que essa diversificação, juntamente com o perfil e objetivo financeiro
Crie uma carteira estratégica para suportar crises e aproveitar os ciclos de alta dos mercados, sem que essa nos tire o sono a noite e nos deixe desconfortáveis.
Deste modo um investidor pode ter os seguintes perfis, lembrando que podemos surgir mesclas de perfil, assim esses três perfis financeiros não são engessados.
Perfil de investimento conservador
Os investidores com um perfil de investimento conservador tendem a ter objetivos financeiros a curto prazo e uma baixa tolerância ao risco.
Eles geralmente procuram investimentos que ofereçam um baixo risco de perda de capital e uma renda estável.
Esse tipo de investidor normalmente prefere investir em instrumentos de renda fixa, como títulos do governo, depósitos a prazo, fundos mútuos conservadores, dentre outros.
Perfil de investimento moderado
Os investidores com um perfil de investimento moderado buscam equilibrar a segurança do capital e a oportunidade de crescimento.
Eles têm uma tolerância moderada ao risco e podem ter objetivos financeiros a médio ou longo prazo. Investidores moderados geralmente procuram investir em uma combinação de instrumentos de renda fixa e variável, como títulos corporativos, ações, fundos mútuos e ETFs.
Perfil de investimento agressivo
Os investidores com um perfil de investimento agressivo têm um horizonte de tempo de longo prazo e estão dispostos a correr riscos para buscar retornos mais altos.
Eles têm uma alta tolerância ao risco e estão dispostos a assumir mais riscos em busca de retornos mais altos.
Os investidores agressivos normalmente investem em instrumentos de renda variável, como ações, fundos de ações, fundos imobiliários, entre outros.
Como determinar o perfil de investimento
Para determinar o seu perfil de investimento, você precisa considerar seus objetivos financeiros, horizonte de tempo e tolerância ao risco.
Além disso, é importante avaliar sua situação financeira atual, incluindo sua renda, despesas e dívida.
Ao avaliar sua tolerância ao risco, você deve considerar sua capacidade financeira para lidar com as flutuações do mercado.
Pergunte a si mesmo quanto você está disposto a perder em um investimento, se você se sentir confortável com a volatilidade e se estiver disposto a correr riscos para buscar maiores retornos.
Considerações finais
Agora você já sabe como criar uma estratégia de investimentos para suportar as crises e lucrar com as oportunidades e altas de mercado.
Mas lembre-se é importante ser sincero consigo mesmo sobre essas avaliações e decisões pessoais, investir conforme outro investidor investe pode ser um tiro no pé.
Então deixo um conselho aqui, busque ajuda de algum profissional para criar essa estratégia de investimentos que te auxiliará a passar por crises.