Desvendando o Tesouro Direto: Como investir em renda fixa com segurança

Por: Lucas Eningh

Em momentos de incerteza econômica fica bastante complicado saber para onde correr, ainda mais com tantas informações disponíveis no dia de hoje na internet sobre investimentos é fácil se perder e, realmente, quando começa a se investir parece exatamente uma sopa de letrinhas, correto? LFT, LTN e outros.

E se eu te dissesse que o Tesouro Direto é uma opção para quem está querendo investir na renda fixa com segurança e para quem está começando e quer aprender mais sobre investimentos?

Neste artigo, você vai desvendar como investir de forma descomplicada e segura sendo credor do maior consumidor da economia brasileira: o governo federal.

O que é o Tesouro Direto?

O Tesouro Direto é um programa criado pelo Tesouro Nacional – órgão do governo que gere a dívida pública – em conjunto com a B3 – nossa bolsa de valores – com o intuito de democratizar a venda de títulos públicos para pessoas do dia a dia, como você.

Quando o governo necessita de dinheiro para pagar suas contas, emite títulos que representam esta dívida e repassam ao credor que o devolve este valor adicionado de juros.

Certo, mas quais são as possibilidades que o Tesouro Direto oferece de tipos de títulos? Vamos ver em seguida.

Tipos de títulos

Tesouro Prefixado: Conhecido também como o título LTN (Letra do Tesouro Nacional), são títulos que te pagam uma taxa prefixada que é determinada quando é comprado o título no Tesouro Direto, trazendo uma previsibilidade no final do prazo;

Tesouro Selic: Conhecido também como LFT (Letra Financeira do Tesouro) são títulos que remuneram o seu dinheiro a partir da variação da taxa SELIC – conhecida como a taxa de juros da economia brasileira -.

Tesouro IPCA+: Conhecido também como NTN-B (Notas do Tesouro Nacional da série B), são títulos que remuneram o seu dinheiro a partir da variação do IPCA – conhecido como a nossa taxa de inflação oficial do país – junto de uma taxa prefixada quando ocorre a compra do título.

Neste título temos uma ramificação que se diferencia em dois subtítulos: a possibilidade de se ter o valor completo acrescido de juros no final do título ou ganhar cupons (valores adiantados) semestralmente dos juros.

Vantagens de investir no Tesouro Direto

Segurança: Ao emprestar o seu dinheiro ao governo federal, estará emprestando para a instituição mais segura, pois, se o mesmo falir, o restante das instituições do Brasil terá que ter falido primeiro, trazendo esta segurança para quem está investindo saber que terá o seu dinheiro de volta mesmo no pior cenário possível do país, com muitas empresas quebrando;

Liquidez: Para transformar o seu título do Tesouro Direto em dinheiro, é uma grande facilidade, pois acontece no mesmo dia caso solicite até às treze horas em dias úteis, trazendo essa possibilidade de reaver o seu dinheiro rápido e de forma descomplicada;

Acessibilidade: Com pouco dinheiro já é possível comprar o seu primeiro título, dando esta possibilidade para investidores que tenham de até menos de cinquenta reais para investir, atingindo pessoas do dia a dia, como você.

Como investir no Tesouro Direto

Bom, já entendemos as vantagens e quais os tipos de títulos do Tesouro Direto podem ser oferecidos para você, mas, como podemos realizar o investimento agora que já temos o conhecimento?

Logo de início, será necessário seguir estes passos para que consiga investir no Tesouro Direto:

Abrir uma conta em uma instituição financeira que faz a intermediação da venda destes títulos do Tesouro Direto para você (bancos ou corretoras);

Abrir sua conta no site do Tesouro Direto por meio do site oficial deles (Site Oficial do Tesouro Direto);
Selecionar o melhor título que seja adequado ao seu momento de investidor, sempre avaliando as possibilidades e cenários econômicos

Certo, estou com minhas contas no Tesouro Direto e na minha instituição financeira abertas, mas como posso decidir qual é o melhor título para a minha situação a partir do que cada título oferece?

Sem problemas, vamos nos aprofundar em quais possibilidades podemos ter na mesa para o seu objetivo:

Tesouro SELIC: Este título apresenta ser uma boa possibilidade quando há uma taxa SELIC em alta, remunerando bem o seu dinheiro em momentos de crise.

Também serve como possibilidade para colocar a sua reserva de emergência, que é o valor que é utilizado em caso de que as coisas não saiam como o planejado na sua vida, pois a variação negativa do título é quase inexistente, logo tendo uma maior previsibilidade quanto ao seu dinheiro, além da alta liquidez que o próprio Tesouro Direto oferece;

Tesouro IPCA+: Este título apresenta uma boa possibilidade para o longo prazo, pois ele sempre irá repassar a variação da inflação acrescido de uma taxa, nunca perdendo o poder de compra e, inclusive, ganhando acima da inflação, que chamamos de ganho real.

Além de que, a versão com pagamentos semestrais é uma ótima possibilidade para uma renda passiva (renda conseguida a partir de ativos da pessoa, sem intermédio de trabalho), pois, sempre terá um valor caindo em sua conta para utilizar como quiser; mas, por outro lado, temos a possibilidade de ter variações negativas ou positivas, pois o valor prefixado aumenta ou diminui de preço fazendo com que o seu título atual possa desvalorizar ou valorizar de preço, diminuindo a previsibilidade de quanto será no curto e médio prazo.

Se levar o seu título até o final do prazo, receberá a rentabilidade contratada, mas caso queira antecipar, ficará exposto a variação do preço no mercado, que dependendo do cenário atual, pode ser maior ou menor que a rentabilidade quando pensamos no título para o final do prazo;

Tesouro Prefixado: Este título ele é muito utilizado caso precise de uma previsão exata de quanto o seu valor irá render até a data final, mas, como informado no Tesouro IPCA+, taxas prefixadas tem variação no mercado do Tesouro Direto, causando valorização ou desvalorização do preço do seu título, mas caso levado até o vencimento, terá a rentabilidade total contratada.

Caso não seja levado e seja vendido antecipadamente, o preço do título ficará a preço de mercado, podendo ser maior ou menor do que a rentabilidade quando levado até o prazo final do título.

Quais são os custos e as rentabilidades do Tesouro Direto?

Como qualquer investimento, nos deparamos com custos e impostos. Logo abaixo explico a você como funciona e quais são e como lidamos com eles:

Imposto de Renda: Nem aqui, infelizmente, fugimos do Leão. O imposto de renda é cobrado de forma regressiva no Tesouro Direto, seguindo a tabela montada logo abaixo:

Alíquota de 22,5%: Quando você mantém o valor até 180 dias ou menos e resgata, é cobrada a porcentagem de 22,5% em cima do lucro obtido do título;
Alíquota de 20,0%: Quando você mantém o valor até 181 a 360 dias no título e resgata, é cobrada a porcentagem de 20% em cima do lucro obtido do título;
Alíquota de 17,5%: Quando você mantém o valor de 361 a 720 dias no título e resgata, é cobrada a porcentagem de 17,5% em cima do lucro obtido do título;
Alíquota de 15,0%: Quando você mantém o valor de 721 para frente no título e resgata, é cobrada a porcentagem de 15,0% em cima do lucro obtido do título.

IOF: Temos no Tesouro Direto a cobrança do imposto sobre operações financeiras nos primeiros trinta dias do investimento por uma tabela regressiva, mas, que após este tempo desaparece. O IOF vai descendo de 3% em 3% ao passar dos dias, chegando no dia vigésimo dia em 3%.;

Taxa de Custódia: Taxa cobrada pela B3 semestralmente nos meses de janeiro e julho, sendo esta alíquota de 0,20% do saldo total das aplicações, apurado diariamente.

Caso venda antecipadamente, é cobrado o valor proporcional do que está aplicado, como, por exemplo, se foi vendido em fevereiro, será cobrado sobre o proporcional do que seria cobrado em julho.

Esta taxa é isenta para valores no Tesouro Selic abaixo de R$10.000 e cobrada sobre o valor acima de R$10.000, incidindo somente sobre o que se sobressair do valor R$10.000;

Taxa de Administração: Taxa cobrada pela instituição financeira onde comprou o título, mas a maioria das mesmas não cobram mais esta taxa. É importante verificar se esta taxa está sendo cobrada pela instituição, pois faz parte da sua rentabilidade.

Estes impostos sempre são cobrados quando há a venda destes títulos e são coletados diretamente na fonte pela instituição financeira onde está o seu título do Tesouro Direto, tendo menos uma preocupação do que em outros tipos de investimentos, onde a coleta dos impostos fica pela responsabilidade pelo próprio investidor via DARF, mostrando a praticidade montada para, desde investidores iniciantes, a investidores com mais tempo no mundo dos investimentos.

Quais estratégias posso fazer investindo no Tesouro Direto?

Agora que você já sabe como funciona o Tesouro Direto e entende as possibilidades, podemos falar de estratégias que podem ser tomadas junto a este tipo de investimento:

Ganhar maior rentabilidade vendendo antecipado a mercado: O Tesouro IPCA+ e o Tesouro Prefixado têm esta possibilidade, pois, possuem taxa prefixada no ato da compra.

Quando temos aumento da SELIC, a tendência é que as taxas prefixadas aumentem junto, pois, com o aumento da SELIC fica mais difícil de se conseguir crédito e isto acaba por aumentar as taxas prefixadas por necessidade do mercado.

Com este aumento, quem comprou títulos a taxas pequenas, acaba perdendo dinheiro, pois você, como investidor, compraria um título prefixado de 10% ou um de 12,5% para si? Exatamente, o de 12,5%, por isso ocorre essa desvalorização no preço do título de quem comprou a 10%.

O ideal para realizar a compra destes títulos é em momentos em que a taxa SELIC já está nas alturas, pois pegamos as melhores taxas para quando ocorrer a queda da taxa SELIC, possamos lucrar com a venda do título a mercado em vez de esperar na curva, antecipando o tempo ou ganhando até mais do que se aguardasse o título vencer na data esperada;

O que seria vender o título a mercado ou manter na curva?

Vender o título a mercado seria pegar o título citado, ver quanto está a cotação dele neste momento (valor de compra do mesmo título) e vender o seu título para outro investidor interessado por um valor que pode ser maior ou menor que o da curva, que nada mais, nada menos, é o preço do título se ele seguir linearmente a rentabilidade contratada, como, por exemplo: 10% ao ano.

Diversificação de carteira: O ideal no mundo dos investimentos é que ocorra a diversificação da carteira de investimentos, pois enquanto um título está caindo o outro está subindo por causa da correlação que ambos têm entre si.

Como explicado na tática de vender a mercado, o IPCA, quando descontrolado, é perseguido pela SELIC para diminuir o consumo na economia, diminuindo o dinheiro que está realmente circulando, dificultando conseguir crédito, mas controlando uma possível disparada iminente do IPCA deixando-o sem controle.

A prática inversa também serve: quando o IPCA está descendo, a tendência é que a SELIC também acompanhe, aumentando o consumo e facilitando que se consiga crédito para a economia crescer novamente. Por isso não podemos botar “todos os ovos em uma cesta só”, mas sim, diversificar na carteira de Tesouro Direto e regular para o momento atual dos investimentos e da economia.

Definir metas e prazos: Quando investimentos, pretendemos alcançar algum objetivo em algum certo tempo. O interessante é já estipular estas metas e tempo para chegar nelas para conseguir estipular o valor que deve ser desembolsado para chegar neste tempo em específico.

Além de ficar mais organizado, você já consegue enxergar, mesmo que às vezes longe, a linha de chegada do seu objetivo.

Hoje, finalmente, desmistificamos o Tesouro Direto para você, pois eu também já estive neste lugar de investidor iniciante e não sabendo onde colocar o pé com segurança. É um sentimento agoniante não ter o conhecimento.

Mostramos como é seguro investir no Tesouro Direto, pois é assegurado pela própria União. Também conseguimos mostrar possibilidades mais “arrojadas” e que demandam um pouco mais de tempo, como vender os títulos a mercado.

Conseguimos também mostrar como os ciclos da economia influenciam nos títulos do Tesouro Direto. Conseguimos mostrar toda a parte de tributação, desde o imposto de renda, IOF, taxa de administração e taxa de custódia.

Reforço novamente para que você cuide dos títulos que tem em carteira, diversifique e fique atento a como a economia tende a rumar neste tempo.

Meus mais sinceros, muito obrigado por ler este artigo. Espero que tenha entendido e que tenha sanado suas dúvidas.

Lucas Eningh Grance Severo

Assessor de Investimentos A41633

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