Diferenças e similaridades entre os investidores

Por: Lucas Eningh

Neste artigo, você vai conhecer em detalhes as diferenças e similaridades entre os investidores, principalmente por conta da grande quantidade de pessoas querendo entender melhor sobre investimentos, o que possibilita formar diferentes perfis de investidores.

Com tantas dúvidas destes investidores, uma delas é: quem nunca tentou investir em algum título de renda fixa ou outro produto e acabou tendo a ordem recusada e não sabia o motivo? Muitos produtos são apenas para investidores profissionais ou qualificados, podendo estar aí o motivo da recusa.

Neste artigo, eu vou explicar para você as diferenças e similaridades entre os tipos de investidores (investidor comum, não residente, qualificado e profissional) e qual é o motivo deles existirem.

 

Diferenças e similaridades entre os investidores

Investidor Comum

Definição e características do investidor comum

Este tipo de investidor é investidor do dia a dia sem mínimo de dinheiro em conta ou investido necessário e nem experiência no mercado de forma abrangente ou por algum tipo de qualificação. Qualquer um pode ser um investidor comum, sendo a maioria dos brasileiros encaixada nesta categoria.

Este investidor tem acesso a uma gama de produtos no mercado financeiro e de capitais vasta, como: ações, renda fixa, fundos de investimento e entre outros permitidos.

Restrições e regulamentações aplicáveis a esse tipo de investidor

Apesar de ter liberdade para escolher os seus investimentos há produtos que o investidor comum não tem acesso, pois são determinados para investidores qualificados ou profissionais.

Geralmente estes produtos são FIP (fundo de investimento em participações), emissões de títulos e valores mobiliários para estes grupos, fundos de investimento no exterior, maioria dos CRIs, maioria dos CRAs e muitos outros produtos que mostraremos nos tópicos seguintes.

Por terem maior necessidade de análise, estes produtos tendem a ser recusados os pedidos para investidores comuns em investir neles por meio das corretoras ou bancos.

Acesso a produtos de investimento e serviços financeiros

Mesmo tendo uma quantidade menor de produtos disponíveis para este tipo de investidor, as possibilidades são inúmeras. Com uma carteira diversificada e desenhada somente para você, já é um grande passo no caminho do seu objetivo. Em decorrer do texto explicarei o porquê de alguns ativos serem exclusivos para somente alguns tipo de investidores.

Investidor Não Residente

Definição e características do investidor não residente

Este tipo de investidor pode ser um indivíduo, um fundo de investimento, um banco, investidores de forma coletiva ou uma corretora que é presidida, sediada ou domiciliada em outro país e investe no Brasil.

A resolução da CMN (conselho monetário nacional) número 4,373/2014 é a que regulamenta os investidores não residentes aqui no Brasil.

Para que este tipo de investidor possa atuar no Brasil, necessita de um representante em território nacional e autorização prévia (logo, antes de entrar no Brasil) da CVM, excluindo as pessoas naturais (indivíduo nascido no Brasil) que tenha saído definitivamente do país e só estejam no exterior a viagem ou algo do tipo.

É necessário que tenha estes três tipos de representantes aqui no Brasil:

Representante legal: responsável pelas informações cadastrais do investidor estrangeiro para as autoridades brasileiras;
Representante fiscal: responsável pelas questões tributárias do investidor estrangeiro para as autoridades brasileiras;
Custodiante: responsável pela custódia dos ativos e pelos relatórios para este investidor.

Por meio da criação de uma conta 4373 (inspirada na resolução CVM número 4373/2014), é possível que o investidor não residente invista no Brasil. Para que ocorra a criação da CDE (conta de domiciliados no exterior), é necessário que seja primeiro aprovado pelo Banco Central a entrada e o banco deve solicitar esses papéis:

-Documento de identidade (RG) e cadastro de pessoa física (CPF), se o investidor for de origem brasileira e estiver residindo em outro país;
-Número de Identificação Fiscal (NIF) e passaporte com visto regular, se o investidor for estrangeiro;
-Comprovante de residência no exterior;
-Comprovante de renda dos meses anteriores;
-Declaração de Saída Definitiva do País (DSDP), novamente aplicável para o brasileiro residente no exterior

Apesar de investidores no exterior conseguirem abrir contas no Brasil de forma burocrática, tem bancos que recusam abri-la pelo excesso de burocracia e custos (que são totalmente repassados para o investidor estrangeiro). Segundo a média de custos para abrir uma conta de domiciliados no exterior beira os mil reais por mês. Os custos podem envolver:

-Taxa de abertura;
-Tarifa de manutenção de conta;
-Custos para realizar transferência internacional;
-Taxa de encerramento de conta

Hoje já temos bancos digitais entrando neste ramo para trazer a revolução da gratuidade para a maioria destes custos, mas ainda é algo muito novo.

Investidor Qualificado

Definição e características do investidor qualificado

Este tipo de investidor é a pessoa que possui a quantia de 1 milhão investido e ateste, por escrito, que possui esta quantia. Para ser mais exato, podemos trazer esta parte da instrução da CVM para entendermos melhor o que a própria CVM tem para nos falar sobre este tipo de investidor na instrução do número 554 no artigo 9:

São considerados investidores qualificados:

I – investidores profissionais;
II – pessoas naturais ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor qualificado mediante termo próprio;
III – as pessoas naturais que tenham sido aprovadas em exames de qualificação técnica ou possuam certificações aprovadas pela CVM como requisitos para o registro de agentes autônomos de investimento, administradores de carteira, analistas e consultores de valores mobiliários, em relação a seus recursos próprios; e
IV – clubes de investimento, desde que tenham a carteira gerida por um ou mais cotistas que sejam investidores qualificados.

Além de tudo, um investidor qualificado, em maioria das situações, são pessoas que já passaram por turbulências do mercado e entendem como manejar o seu capital da melhor maneira.

Vão desde pessoas que investem já fazem décadas e anos ou assessores de investimentos, consultores de valores mobiliários e administradores de carteira a muito tempo no mercado. Também podemos incluir nesta situação uma pessoa que recebeu uma herança de alguém.

Acesso a investimentos mais sofisticados e exclusivos

Geralmente os investidores qualificados têm vantagens quanto a outros tipos de investidores. Eles possuem, isto depende mais da corretora em si, valores de taxas operacionais reduzidos e uma maior gama de investimentos para realizar.

Como este investidor, na teoria, já conhece muito sobre investimentos, ele já tem uma maior capacidade de investir em produtos que precisam de mais análises aprofundadas, como:

-FIP (fundo de investimento participações);
-Fundos de investimento no exterior;
-CRI (certificado de recebíveis imobiliários);
-CRA (certificado de recebíveis do agronegócio).

Importante: A maioria deste mercado de CRA e CRI são compostos de investimentos para investidores qualificados e profissionais, mas existem investimentos deste tipo para investidores comuns.

Investidor Profissional

Definição e características do investidor profissional

Este tipo de investidor é bem parecido ao investidor qualificado, mas a diferença mais gritante deste tipo é a diferença de valor que deve ter em investimentos.

Um dos pré-requisitos é possuir 10 milhões de reais investidos e atestar, por escrito, que possui esta quantia. Este tipo de investidor tem algumas vantagens que veremos a seguir.

Requisitos e critérios para qualificação como investidor profissional

-Possuir mais de 10 milhões de reais investidos e tenha atestado isto à mão;
-Instituições financeiras autorizadas pela CVM;
-Investidores não residentes;
-Pessoas com certificações para trabalhar no mercado, como: assessores de investimentos; consultores de valores mobiliários; administradores de carteiras e analistas.

Acesso a produtos e serviços financeiros mais avançados e complexos

Geralmente os investidores profissionais têm vantagens quanto a outros tipos de investidores. Eles possuem, justamente com os investidores qualificados, melhores valores de taxas operacionais e uma maior gama de investimentos para realizar.

Como este investidor, na teoria, já conhece muito sobre investimentos, principalmente por ter maiores valores que os outros tipos de investidores na carteira, ele já tem uma maior capacidade de investir em produtos que precisam de mais análises aprofundadas, como:

-FIP (fundo de investimento em participações);
-Fundos de investimento no exterior;
-CRI (certificado de recebíveis imobiliários);
-CRA (certificado de recebíveis do agronegócio);
-Fundos mútuos de investimento em empresas emergentes.

Estes tipos de investimentos, por serem empresas não listadas, empresas de outra jurisdição (pais) ou que estão na etapa de ser uma empresa pequena, devem ter uma análise mais minuciosa que muitos pequenos investidores não teriam. O famoso “olho clínico” que a experiência trouxe dos muitos outros investimentos que teve no passado.

Importante: A maioria deste mercado de CRA e CRI são compostos de investimentos para investidores qualificados e profissionais, mas existem investimentos deste tipo para investidores comuns.

Diferenças e similaridades entre os tipos de investidores

Nesta etapa que chegamos de aprendizado, já vimos que as diferenças entre os tipos de investidores podem ser bastante abrangentes ou minuciosas em questão de detalhes. Abaixo você descobrirá um pouco mais sobre.

Restrições e regulamentações aplicáveis a cada tipo de investidor

Como vimos, os investidores qualificados e profissionais são quase idênticos pela questão de um possuir mais um zero que o outro (diferença de nove milhões, pouco, não?).

O investidor comum até consegue aplicar em algum destes tipos de aplicações, mas é um mercado menor para este perfil, justamente pelo risco dos ativos serem maiores (e os retornos, na maioria das vezes, acompanharem).

Um investidor não residente pode se configurar como qualificado ou profissional, mas também como investidor comum. Quase nunca será um investidor comum, principalmente pela questão dos custos para investir sendo não residente serem altos demais para quem possui pouco patrimônio.

Níveis de conhecimento e experiência exigidos

Para que alguém chegue ao seu patrimônio de um milhão de reais, ou até, no caso do investidor profissional, dez milhões, é necessário passar por muitas turbulências do mercado, adquirir muito aprendizado e aprender como funciona realmente o mercado para ganhar dinheiro.

Este é o principal motivo para que a CVM crie estas categorias, evitando que investidores comuns (iniciantes) comprem ativos que são difíceis de serem analisados e compreendidos por alguém que chegou agora ao mercado. Tomar este tipo de medida evita problemas de perda de dinheiro por falta de conhecimento.

Importância dos diferentes tipos de investidores

Contribuição para a liquidez e eficiência dos mercados

A importância principal de se ter essas diferenças em questão de tipos de investidores é que o risco de maioria dos ativos para este perfil qualificado e profissional serem mais altos.

Com poucos investidores para este ramo como um fundo de mútuo de investimento em empresas emergentes, podemos ver pouca liquidez por ser necessário muitos quesitos para investir nele, entre eles, ser um investidor qualificado ou profissional e ter que aportar um capital inicial elevado para a maioria da realidade dos investidores.

Este tipo de investimento é considerado de alto risco, pois possuem menos garantias que, por exemplo, um CDB que caso a instituição financeira emissora quebre, o investidor possui o FGC que lhe pagará até duzentos e cinquenta mil reais no pior dos cenários.

Diversificação de fontes de capital e investimentos

A importância de diversificar o seu capital é eminente, principalmente para evitar as crises de cada setor específico. Se colocarmos todos os “ovos” na mesma “cesta”, você está perdendo de ganhar com os outros setores que, por exemplo, quando estamos em um ciclo de queda da SELIC, podemos ver uma elevação na bolsa de valores.

Diversificar a carteira significa perder de um lado, mas ganhar do outro. Mesmo você tendo cem mil reais, um milhão de reais ou cem milhões de reais, a diversificação pode salvar a sua carteira.

Considerações finais

Neste artigo você entendeu mais sobre os tipos de investidores, como cada um funciona, o porquê de cada um existir, como um investidor não residente cria uma conta no Brasil e quais são os investimentos que cada tipo de investidor pode realizar.

Agora que você já sabe como funcionam os mecanismos de cada investidor, visualize antes de comprar algum ativo específico que é solicitado ter certo perfil para evitar estresse de ter ordens recusadas, viu?

É importante também entender o porquê destes tipos de investidores terem sido criados pela CVM, justamente para evitar investidores menores e iniciantes a comprarem um ativo que necessita de muito estudo e conhecimento de mercado para comprar.

Além de que, há ativos que necessitam de valores maiores que, por exemplo, uma cota pode representar o patrimônio acumulado de uma pessoa durante a vida toda. Este tipo de regulamentação pode proteger patrimônios e assegurar bastante segurança para pequenos e iniciantes investidores.

Espero que este artigo tenha sido esclarecedor e congruente do que é passado pela Central do Investidor. Caso tenha dúvidas ainda de como funcionam os perfis de investidores, pode nos contatar por via dos nossos conteúdos que prontamente poderemos lhe auxiliar e decifrar a sopa de letrinhas do mercado de capitais e financeiro para você.

De resto, desejo bons investimentos e pode contar comigo caso necessite de ajuda!

Lucas Eningh Grance Severo – Assessor A41633

A Experato está aqui para auxiliar!

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