Incertezas trazem imprevisibilidade para a taxa Selic
Por: Eliseu Manica
A ata da última reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária) não deixou evidente se a taxa básica de juros (Selic) retomará a tendência de queda ou permanecerá estável. Apesar disso, o relatório Focus divulgado no começo de julho informa que a taxa estará em 6,50% ao final de 2018 e 8% no final de 2019. O mesmo relatório informa uma estimativa de 4,15% para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) em 2018 e 4,10% para 2019. A evolução do PIB foi estimada em 1,50% – 0,03% a menos em relação ao relatório anterior. Para 2019 permanece a estimativa de 2,50%.
No cenário interno, além da incerteza do cenário eleitoral, há a expectativa das consequências da greve dos caminhoneiros e seu impacto sobre os preços, pressionando a inflação. No entanto, economistas consideram que mesmo com um impacto negativo com um aumento do nível geral de preços, a inflação permanecerá em níveis baixos. A aprovação da LDO de 2019, com inclusão da chamada pauta-bomba, trouxe apreensão. A secretaria-executiva do Ministério da Fazenda anunciou que parte das medidas não será cumprida.
No cenário internacional, a produção industrial na zona do euro registra alta de 2,4% no ano, enquanto nos Estados Unidos crescem as preocupações com a inflação. A inflação do consumidor já atingiu seu nível mais alto desde 2012. Os desdobramentos de uma possível guerra comercial entre EUA e China trazem apreensão aos mercados internacionais, enquanto União Europeia e Japão finalizam um acordo de livre comércio. São aguardadas as divulgações da inflação para o consumidor na zona do euro e das vendas no varejo e da produção industrial nos EUA. Com este cenário, o dólar deve continuar com tendência de alta. A estimativa do relatório Focus é de R$ 3,70.
Com isso, não há uma sinalização clara da tendência da taxa Selic para os próximos meses. Recomendamos que o investidor converse com um assessor da Central do Investidor para ajudar a decidir se mantem o grau de risco na sua carteira de investimentos e quais as melhores opções em renda fixa, especialmente para o longo prazo. As oscilações devem prosseguir ao longo do semestre e a volatilidade, que afetou até mesmo o Tesouro Direto, deve permanecer alta.