Investimentos Internacionais, mais que investimentos, proteção!

Por: Lucas Maltzahn

Investimentos Internacionais, mais que investimentos, proteção!

Risco político, incertezas com a economia e moeda fraca, esses são os principais motivos que levam inúmeros investidores a pensar em começar a investir o seu capital no exterior.

Já parou para pensar o que pode acontecer com sua vida financeira se o país que você vive e que possui todos os seus recursos financeiros entre em colapso?

Essa pergunta certamente está passando na cabeça de muitos investidores brasileiros, devido aos exemplos recentes de países próximos como a Venezuela e a própria Argentina que tiveram a força da sua moeda reduzida, a ponto de casos extremos como o da Venezuela, de achar o bolívar Venezuelano jogado em valetas como se fosse lixo ou o caso mais recente da Argentina que vivenciou uma Hiperinflação da noite para o dia, fazendo com o valor de sua moeda despencasse.

Esses exemplos acima são parâmetros para o pensamento de diversificação de investimentos em economias diferentes. Investir no exterior vai muito além de buscar multiplicar o patrimônio, se trata principalmente de proteção do mesmo.

  • Caso da Venezuela
  • Caso da Argentina
  • Risco da moeda
  • Porque investir no exterior
  • Diversificação 
  • Como diversificar estando no Brasil
  • ETFs
  • BDRs
  • Como investir diretamente no Exterior
  • Ações
  • Bonds
  • TIPs
  • Bitcoin e criptos ativos
  • Comece a investir agora

Caso da Venezuela

Recentemente acompanhamos o caso de colapso financeiro na Venezuela, mas para entender um pouco melhor o risco que um investidor possui em deixar todos seus recursos centralizado em um país possui, vamos entender o que aconteceu na Venezuela e como isso afetou a sua população.

A crise na Venezuela não foi algo que surgiu da noite para o dia, ela iniciou por volta de 2013 e desde então vem se agravando no país levando a uma crise econômica que destruiu o país.

Crise essa que aconteceu por conta de diversas escolhas erradas que um governo pode tomar e que levou a desvalorização quase que total da moeda, a ponto de não ser viável comprar papel higiênico, pois a quantidade de papel moeda utilizado para comprar um rolo de papel higiênico supera, em metragem, a do mesmo.

Atualmente a Venezuela encara, além de uma disputa pelo poder autoritário de Maduro, uma grave crise humanitária, pois parte considerável da população Venezuelana sofre com a extrema pobreza, a ponto de sofrer com a falta de alimento, tendo que se refugiar em países vizinhos para sobreviver.

O maior dos investidores na Venezuela, poderíamos estar falando de uma pessoa que dobrava o seu patrimônio anualmente, por conta dessa crise, teve seu patrimônio reduzido a poeira. Esse é um dos graves riscos de possuir todo o seu patrimônio exposto a somente uma economia, afinal não existe país livre de crise.

Caso da Argentina

Outro caso que aconteceu recentemente, porém com menos impacto que o da Venezuela foi o caso da Argentina. A Argentina, país vizinho ao Brasil, passou recentemente (2022) por uma hiperinflação.

Hiperinflação é o nome dado ao fenômeno inflacionário que ultrapassa os níveis considerados como adequados. Ou seja, a hiperinflação acontece quando os índices de inflação superam os patamares de 50% ao mês.

A Hiperinflação fez com que o peso argentino, moeda oficial da argentina, desvalorizasse de forma muito acelerada, correndo o risco de fechar o ano de 2022 acima de 100% ao ano.

Ou seja, se no início do ano 100 pesos compravam X quantidades de algo, no final do mesmo ano, os mesmos 100 pesos não compravam nem a metade mais.

Esse cenário fez com que o povo argentino corresse para trocar seus pesos por dólares, para assim se proteger de um possível caso semelhante ao da Venezuela.

Risco da moeda 

Todos os fatos trazidos acima levam a um único ponto de conversão, o risco da moeda ou risco monetário.

O risco monetário constitui o potencial de ganho ou perda na conversão de uma moeda em outra. Em outras palavras, o risco da moeda trata-se de uma grande desvalorização de uma moeda ao ponto do valor de uma outra moeda valorizar muito, fazendo com que o mercado não veja mais valor na moeda desvalorizada e com isso ela deixe de ser uma ferramenta de troca.

Esse risco é o que todos os investidores que possuem seu patrimônio centralizado em uma única moeda e/ou economia possuem.

Porque investir no exterior

Investir no exterior traz ao investidor várias vantagens para o seu patrimônio, vantagens que por muitas das vezes são mais importantes que a valorização do patrimônio.

Pare para pensar na exposição a grandes economias:

Quantas das empresas que você consome produtos ou serviços mensalmente estão sediadas no exterior? 

Quantos produtos ou serviços que você utiliza semanalmente possui paridade com outras moedas?

Quantas propagandas, marcas, serviços e produtos utilizados pelas pessoas ao seu redor são de empresas estrangeiras?

Essas perguntas são as mais básicas a se questionar quando começamos a pensar onde investir no exterior, pois se pararmos para pensar estamos falando de mais de 70% dos produtos, serviços e marcas que consumimos possui empresas com sede no exterior ou são correlacionadas a outra moeda local, muitas das vezes o dólar.

Então porque não investir no exterior?

O Brasil, hoje, aos olhos do mundo é um país em desenvolvimento, na qual a sua economia gira em torno de exportação e exploração de recursos e proventos vindos da terra. Veja, não estou falando que a sua economia está ruim, mas que o investidor que olha somente para dentro do país tem seus potencial de lucro enxugados a poucas empresas e setores.

Quando olhamos para o mercado acionário do Brasil, estamos falando do Índice Ibovespa, ele possui cerca de 89 empresas e em torno de 92 ações, já o Índice S&P 500, índice da Bolsa Americana possui um total de 499 ações.

Além disso, quando olhamos para o exterior conseguimos encontrar empresas como a Amazon, Facebook, Apple, Tesla e muitas outras gigantes na qual o investidor pode comprar e vender ações, buscando multiplicação ou proteção do seu patrimônio.

Só esses fatos demonstram o quanto mais oportunidades encontramos fora do Brasil e como isso pode somar o seu desempenho com a sua carteira de investimentos.

Por outro lado, podemos também encontrar oportunidades e uma maior proteção com a renda Fixa americana, caso dos Bonds e oportunidades no ramo de imóveis americanos com os Reits.

Bonds corporativos: são títulos de renda fixa emitidos por empresas em moeda estrangeira e negociados no mercado externo, como nos EUA. Eles possuem condições predefinidas, como taxa de remuneração e prazo, e podem ser emitidos por uma ampla variedade de empresas de setores distintos.

REIT: é a sigla para Real Estate Investment Trusts, nome dado a empresas criadas com foco no mercado de imóveis nos EUA. Essas empresas compram e operam com imóveis para obter lucros.

Diversificação

Conforme apresentado nos tópicos acima, a diversificação do patrimônio investido em outras economias e moedas traz consigo grandes vantagens e uma gama enorme de oportunidades.

Mas por que buscar essa diversificação?

A  diversificação é algo extremamente importante para a vida do investidor, pois ela é que vai mitigar o risco da carteira e fazer com que o investidor passe por momentos conturbados e de crise sem ser afetado de forma severa.

Passar por esses momentos sem perder muito dinheiro é fundamental para a evolução do patrimônio, pois para cada parte do capital perdido o esforço precisará ser maior para chegar no patamar igual de quando se perdeu, veja:

Uma perda de  Exige um ganho de
10% 11%
20% 25%
30% 43%
40% 67%
50% 100%
60% 150%
90% 900%

Formas de Investir no exterior

Hoje em dia conseguimos investir de duas formas em investimentos do mercado internacional, um deles você estará exposto apenas a valorização do ativo, sem estar exposto a moeda local e da outra forma você estará investindo de forma direta em ativos financeiros internacionais.

Como investir no exterior sem  ter conta fora do Brasil

Para o investidor que deseja, de forma mais simplificada, investir no exterior sem ter uma conta no exterior, uma das formas é buscar ativos financeiros que replicam os índices do exterior ou que funcionam representam um ativo internacional.

Nesses casos estamos falando de duas maneiras de investir, através das ETFs ou das BDRs.

  • ETF – Exchange Traded Funds

São fundos de investimentos que buscam teoricamente replicar um determinado índice.

Ou seja, ela se espelha em índices de bancos, Ibovespa, renda fixa, dos fundos imobiliários, das criptomoedas e etc.

São investimentos passivos!

Não geram Dividendos, eles são reinvestidos no próprio fundo refletindo na valorização da cota.

É um tipo de investimento perfeito para quem quer se expor ao mercado de renda variável, porém não quer ter a responsabilidade de escolher seus ativos.

Ao comprar um ETF, o investidor estará comprando todos os ativos que regem aquele índice.

BOVA11 – É um ETF que se espelha no índice Ibovespa da B3. Ao comprar a BOVA11 é como se o investidor comprasse todas as ações que regem esse índice. Assim ficará sujeito apenas a variação desse índice.

  • BDRS – Brazilian Depositary Receipts

As BDRs são certificados que representam ações emitidas por empresas de outros países, mas que são negociados na B3 (Bolsa de Valores do Brasil).  

Significa que não são papéis em si, mas estão lastreados neles.

 O investidor brasileiro pode investir em ações de grandes empresas do exterior como, Apple, Google, Netflix, Amazon e etc. E com isso acompanhar o crescimento dessas empresas.

Mas fique ligado, por não se tratar de ações diretas e sim de um certificado de papel que dá direito à posse das cotas desta empresa, ela possui algumas diferenças em relação a ações.

Como investir no exterior de forma direta

Para o investidor que busca investir diretamente no exterior pode ser um pouco mais complicado, porém certamente é mais vantajoso já que além de estar investindo diretamente em ativos estrangeiros o investidor estará exposto diretamente a moeda local, mitigando o risco da economia local.

O investidor que possui recursos em mais de uma economia consegue, por meio dessa diversificação blindar de uma forma mais sucedida o seu patrimônio visto que para ele perder todo o seu patrimônio deveria entrar em colapso duas ou mais economias.

Assim o investidor pode estar buscando investimentos do tipo:

  • Ações

O investidor pode investir em grandes marcas globais como as ditas antes: Amazon, Apple, Facebook, Tesla entre outras.

Desta forma o investidor estaria participando dos lucros e valorização dessas empresas diretamente.

Mas basta alertar que estará exposto às regras da Bolsa em que está investindo, ou seja, o investidor deverá ter esse conhecimento a mais dentro de seu portfólio, para assim não se complicar com a tributação.

  • Bonds – Renda Fixa Americana

Bonds ou melhor conhecido como títulos de renda fixa Americanos, são investimentos emitidos por empresas sediadas nos EUA.

Esses investimentos seguem as mesmas características da renda Fixa Bancária Brasileira, possuindo condições predefinidas como taxas de remuneração e prazos.

Porém basta alertar que diferentemente da renda Fixa Bancária, os Bonds não possuem FGC, ou nenhum órgão que garante o retorno do capital caso alguma instituição venha a falir.

  • Treasure Americano

Os Treasure Americanos são os títulos de dívidas emitidos pelo governo americano e tem o intuito de arrecadar recursos e financiar a dívida nacional dos Estados Unidos.

Os TIPS (Treasury Inflation- Protected Securities) possuem o seu valor principal ajustado pelas variações do título de preços ao consumidor (CPI- Consumer Price Index). Além disso pagam juros semestrais e são criados com vencimentos de 5, 10 e 30 anos.

Outra forma de mitigar o risco da economia local

Outra forma do investidor buscar a diversificação de do seu patrimônio com o propósito de mitigar o risco da moeda e economia local pode ser através das famosas e de certa forma recentes, criptomoedas.

Criptomoedas são moedas digitais, descentralizadas. No mercado hoje em dia contamos com inúmeras moedas digitais desde as que possuem maiores confiança pelos investidores e com isso possui credibilidade e valorização no mercado quanto as que apenas são objetos de especulação.

  • O Bitcoin

O Bitcoin surgiu em 2008 como uma resposta à crise financeira da época. Essa moeda possui recursos limitados, podendo ser minerada até alcançar a produção total de 21 milhões.

Seu sistema de funcionamento é o blockchain.

Sistema esse que funciona como um livro razão, ele permite rastrear o envio e recebimento das moedas. Ou seja, são pedaços de código que carregam informações conectadas, como blocos de dados que formam uma corrente. 

A moeda no momento é extremamente volátil e instável. Além de ser descentralizada, permitindo seu funcionamento sem necessidade de um terceiro, ela é reconhecida pela receita federal mesmo não possuindo uma regulamentação específica.

Sua valorização é absurdamente alta, porém ninguém consegue definir de fato seu futuro. Por isso é que investir em Bitcoin é para investidores que possuem um estômago forte para volatilidade, pois corre o risco de despencar do dia para a noite! 

Detalhe: Por ser limitada, tem a tendência, eu disse tendência, de se valorizar com o tempo, pois quem tiver não vai querer vender e quem não tiver vai querer comprar.

Considerações finais

De fato não faltam opções para diminuir o risco da moeda e da economia na sua carteira de investimentos e os investimentos internacionais vem se tornando uma ferramenta que vem sendo simplificada para o investidor brasileiro ter mais acesso a eles.

Vale salientar que hoje, algumas corretoras já possuem acesso a contas internacionais por dentro de seus apps e com isso o investidor pode investir diretamente no mercado internacional e de forma mais simplificada.

Porém atenção, quando investir nos mercados internacionais fique atento a suas regras, uma forma de você investir com uma maior segurança em questões legais é buscar a ajuda de um profissional.

Então não fique exposto a esse risco, invista no mercado internacional!

Inscreva-se na newsletter

Fique por dentro das novidades



    Acompanhe nossas redes