Moeda: O que é e o que você precisa saber

Por: Willian Porner

A moeda desempenha um papel crucial na estrutura econômica de qualquer sociedade, atuando como um intermediário eficiente nas transações comerciais e moldando as relações financeiras.

Seu papel vai muito além de uma simples ferramenta de troca, exercendo influência nas decisões econômicas individuais e no funcionamento global dos sistemas financeiros.

Ao contextualizar a importância da moeda na economia, é possível compreender como ela se tornou um pilar fundamental para o desenvolvimento econômico.

A importância da moeda na economia também se destaca nas dinâmicas macroeconômicas, como a formulação de políticas monetárias. Bancos centrais têm a responsabilidade de regular a oferta de moeda para controlar a inflação, estimular o crescimento econômico e manter a estabilidade financeira.

Portanto, a moeda se torna uma ferramenta-chave para a gestão da política econômica.

O objetivo será abordar questões básicas acerca da moeda e expor as características, tipos e dinâmicas de demanda e oferta de moeda.

Funções da Moeda

As moedas possuem 3 funções básicas: Reserva de Valor, Unidade de Conta e Meio de Troca.

Quando falamos em Reserva de Valor, significa dizer que a moeda pode ser utilizada para realizar trocas/compras no futuro. Ou seja, conceitualmente, isso implica dizer que a moeda possibilita transferir o poder de compra do presente para o futuro. Entretanto, essa reserva de valor não é perfeita por conta daquilo que conhecemos como Inflação, que justamente acaba diminuindo o valor da moeda.

Em períodos de descontroles inflacionários, é natural que haja uma demanda por investimentos em títulos que protejam o valor ou então por moedas mais estáveis.

A Unidade de Conta nos permite mensurar os valores dos bens. Em outras palavras, é por conta da unidade de conta que conseguimos dizer que um refrigerante custa R$6,00 e uma camisa custa R$250,00. Portanto, a moeda é a unidade padrão de todos os preços, o que facilita as trocas.

A terceira função básica da moeda é que ela serve como Meio de Troca. Ou seja, a moeda é utilizada para comprar qualquer tipo de bem ou serviço, ou então como o próprio nome já diz, a moeda é o meio de troca para se obter um bem ou serviço.

Essa função trouxe praticidade ao comércio, pois em outros tempos seria necessário realizar a troca entre diferentes bens, ou seja, era realizado aquilo que conhecemos como “Escambo”.

Características

Além das funções da moeda, há algumas outras características importantes para que um determinado ativo seja considerado como uma moeda. São elas:

  • Baixo custo de estocagem
  • Baixo custo de transação
  • Difícil de falsificar
  • Alta durabilidade
  • Divisibilidade
  • Transportável
  • Manuseável
  • Homogeneidade

Tipos de Moeda

Moeda Fiduciária

A moeda fiduciária é aquela que não possui valor intrínseco, mas é aceita como meio de troca devido à confiança que as pessoas têm no governo que a emite. Um exemplo clássico é o papel-moeda, cujo valor possui respaldo do governo de que pode ser trocado por bens e serviços. A moeda fiduciária é de curso legal e representa a forma mais comum de moeda nas economias modernas.

Moeda Escritural

A moeda escritural refere-se a valores registrados eletronicamente em instituições financeiras, como depósitos bancários e transferências eletrônicas. Embora não tenha existência física, ela é amplamente utilizada na realização de transações financeiras. A moeda escritural facilita a movimentação de grandes quantias de dinheiro de forma eficiente, contribuindo para a modernização do sistema financeiro.

Padrão-ouro

O padrão-ouro é um sistema monetário em que o valor da moeda é vinculado a uma quantidade específica de ouro. Historicamente, muitas economias operavam sob esse sistema, o que fornecia estabilidade às taxas de câmbio. No entanto, o padrão-ouro foi abandonado por muitos países durante o século XX, devido a restrições na oferta de ouro e a necessidade de políticas monetárias mais flexíveis.

Moeda Mercadoria

A moeda mercadoria tem valor intrínseco em si mesma, pois é composta por bens tangíveis. Um exemplo clássico é o uso de produtos como ouro, prata ou conchas como forma de dinheiro. A aceitação dessas mercadorias como moeda baseia-se em sua utilidade direta ou em sua aceitação generalizada como meio de troca. No entanto, esse tipo de moeda é menos comum na atualidade.

Demanda por Moeda

Motivo Transação e Precaução

Como vimos até aqui, a moeda é o meio de troca utilizado para realizar transações comerciais, ou seja, compra e venda de bens e serviços. Portanto, quanto mais renda uma determinada pessoa possui, maior tende a ser a demanda por moeda dessa pessoa para realizar transações.

Outro fator que gera demanda das pessoas pela moeda é que elas retem esse ativo por precaução. Em outras palavras, as pessoas guardam dinheiro com o intuito de algum uso futuro, seja este uso, algo planejado ou não. E claro, o nível de demanda nesse sentido é positivamente ligado ao nível de renda.

Dito isso, temos conceitualmente dois motivos básicos para demanda por moeda: motivo transação e motivo precaução.

Motivo Especulação

Quando falamos em especulação, estamos nos referindo a ganhos financeiros que são possíveis de ocorrer a partir de determinadas escolhas e comportamento da economia.

O Motivo Especulação também pode ser chamado de Motivo Portfólio ou ainda Motivo Financeiro. Podemos considerar que este motivo leva em consideração o custo de oportunidade de reter moeda.

Dito isso, devemos considerar que quanto maior a taxa de juros menor tende a ser a demanda por moeda, assim como quanto menor a taxa de juros maior a demanda por moeda. Isso ocorre porque com juros mais baixos há a tendência de que haja maior consumo e investimentos por parte das empresas e famílias. Do mesmo modo, com taxas de juros mais elevadas é natural que haja menor nível de consumo e investimentos e que as pessoas invistam dinheiro em títulos de depósitos a prazo, por exemplo.

Esse motivo é estudado principalmente a partir da teoria Keynesiana.

Oferta de Moeda

A oferta de moeda refere-se à quantidade total de dinheiro disponível na economia de um país em um determinado momento. Essa oferta é determinada pela interação entre o sistema bancário, o Banco Central e os agentes econômicos.

Existem diferentes medidas de oferta de moeda, classificadas em diferentes agregados, geralmente designados como M1, M2, M3 e M4.

Agregados Monetários

Os agregados monetários são utilizados para medir a oferta de moeda em uma economia. São informações que são utilizadas pelo próprio Banco Central, para o exercício da política monetária.

Aquilo que podemos considerar como “Moeda” é o papel moeda em poder do público e também o que vimos anteriormente que se chama moeda escritural. Portanto, o público utiliza o PPMC somado aos depósitos à vista para realizar suas transações. A partir disso temos o principal agregado monetário: o M1.

Há ainda outros agregados monetários, porém, possuem menos liquidez em relação a M1.

  • M1 = Papel Moeda em Poder do Público + Depósitos à vista;
  • M2 = M1 + Depósitos de Poupança + Títulos emitidos por Instituições Depositárias + Depósitos Especiais Remunerados. Aqui estão os CDBs, as letras financeiras e outros depósitos a prazo;
  • M3 = M2 + Fundos de investimentos + Operações compromissadas;
  • M4 = M3 + Títulos Públicos

O conceito M4 é o agregado monetário mais abrangente e pode ser chamado de Poupança Financeira.

Criação e Destruição de Moeda

A criação e destruição da moeda referem-se aos processos pelos quais a oferta de dinheiro em uma economia aumenta ou diminui. Esses processos envolvem vários agentes, incluindo o sistema bancário, o Banco Central e os próprios participantes da economia.

Podemos dizer também que a criação ou destruição da moeda reflete no aumento ou diminuição do agregado M1.

Conceitualmente, o papel moeda em poder do público e os depósitos à vista são chamados de haveres monetários do público frente as instituições emissoras de moeda.

É importante diferir o que é o público e essas instituições.

O Público é aquilo que não é Banco Central, Banco Comercial, Banco Múltiplo (que possua carteira comercial) ou Cooperativa de Crédito. Dito isso, bancos de investimentos e bancos múltiplos sem carteira comercial são considerados como o “Público”.

Portanto, a partir disso, podemos dizer que sempre que o público recebe haveres monetários daquilo que não é público em troca de haveres não monetários, ocorre há criação de moeda.

Por outro lado, há destruição de moeda quando o público recebe haveres não monetários em troca de haveres monetários.

Vamos a alguns exemplos de criação de moeda:

  • Quando uma pessoa ou empresa resgata uma aplicação financeira;
  • Banco Central compra títulos públicos de banco de investimentos;
  • Banco Central compra dólares de exportadores.

Vamos a alguns exemplos de destruição de moeda:

  • Pessoa ou empresa aplica em um CDB;
  • Banco Central vende títulos no mercado;
  • Banco Central vende dólares para exportadores.

Há ainda que se considerar que existem transações que são consideradas neutras. Para que possa ocorrer a criação ou destruição de moeda, é necessário que a transação ocorra entre o público e o setor bancário. Se a transação ocorrer de público para público ou do setor bancário para o setor bancário, então não há criação ou destruição de moeda.

Por exemplo, o Banco Comercial A transfere valores ao Banco Comercial B como compensação. Ou então, o Banco Central compra títulos do Banco Comercial C. Nesses casos, não há criação ou destruição de moeda, são transações neutras.

Conclusão

Cada tipo de moeda possui características distintas, refletindo a evolução da sociedade e dos sistemas financeiros ao longo do tempo. A compreensão dessas diferentes formas de moeda é essencial para analisar as complexidades do sistema monetário global e as implicações para a economia contemporânea.

Em resumo, a moeda não é apenas um meio de troca; é um elemento essencial que permeia todas as facetas da atividade econômica. Seu papel na facilitação de transações, preservação de valor, medida de conta e instrumento de política monetária destaca-se como um alicerce indispensável para o funcionamento harmonioso das economias modernas.

Compreender a importância da moeda é fundamental para analisar os desafios e oportunidades que surgem no cenário econômico global.

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