Morning Call 15/02

Por: Filipe Teixeira

Ações asiáticas e futuros em Wall Street operam no terreno negativo nesta quarta-feira

As ações asiáticas e os futuros de ações dos EUA viraram para o terreno negativo, com os investidores avaliando dados recentes da inflação americana e comentários mistos de representantes do Federal Reserve sobre as perspectivas para as taxas de juros.

O índice da MSCI para ações asiáticas caminhou para o fechamento mais baixo em mais de um mês, com as ações da Coreia do Sul e de Hong Kong liderando as quedas na região. O índice Hang Seng China Enterprises caiu, empurrando o indicador 10% abaixo do pico verificado em janeiro.

Os contratos do S&P 500 recuaram depois que o índice encerrou a terça-feira muito próximo da estabilidade. Os futuros do Nasdaq 100 também caíram depois que o indicador, que é mais sensível a taxas de juros mais altas, subiu 0,7% na terça-feira.

O rendimento da dívida americana de dois anos permaneceu perto do nível mais alto desde novembro, após adicionar 10 pontos-base na terça-feira. O benchmark do Tesouro de 10 anos ficou praticamente estável depois de cair quatro pontos-base na sessão anterior.

Os movimentos foram impulsionados pelos dados do CPI dos EUA, que mostraram que os preços subiram mais do que o previsto, e pelos comentários subsequentes dos formuladores de política monetária. A inflação do Reino Unido também permaneceu alta, mantendo-se em dois dígitos e cinco vezes acima da meta do Banco da Inglaterra, segundo dados divulgados nesta quarta-feira.

O presidente do Federal Reserve Bank da Filadélfia, Patrick Harker, disse que o Fed está chegando ao ponto em que as taxas são suficientemente restritivas. “Na minha opinião, ainda não terminamos”, disse ele. “Mas provavelmente estamos perto .”

Já seu colega do Fed em Richmond, Thomas Barkin, disse à Bloomberg que o Banco Central pode “ ter que fazer mais ” para combater a inflação e a presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan, disse que os aumentos das taxas podem durar “por um período mais longo do que o previsto anteriormente”.

O dólar subiu em relação a todos os seus pares do G10, enquanto o iene se estabilizou após enfraquecer nas duas sessões anteriores. O petróleo cai pelo segundo dia após uma estimativa da indústria apontar para um grande aumento nos estoques dos EUA e os investidores avaliarem as perspectivas para a política monetária do país.

Por aqui, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que uma eventual mudança das metas de inflação não deve ser colocada em pauta na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) marcada para amanhã: “Não está [na pauta do CMN]. Existe uma coisa chamada Comoc [Comissão Técnica da Moeda e do Crédito] que define a pauta do CMN. [A discussão do regime de metas] não está na pauta”, disse Haddad.

O debate, no entanto, já foi iniciado publicamente pelo presidente da República. Lula tem criticado em suas manifestações a taxa de juros, atualmente em 13,75% ao ano, e as metas de inflação, de 3,25% para 2023 e 3% para 2024.

Além de Lula, outros parlamentares ligados ao PT têm criticado o patamar de juros no Brasil. O partido lançou na Câmara nesta terça-feira uma frente parlamentar “contra juros abusivos”. O ato foi liderado pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) e contou com a presença de Gleisi Hoffmann, presidente nacional do partido. Nos discursos, houve menção ao economista André Lara Resende, um dos idealizadores do Plano Real, que tem criticado o nível da Selic, mantida em 13,75% na reunião mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom).

 

 

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