Morning Call 19/01

Por: Filipe Teixeira

Mercados asiáticos fecham sem direção única e futuros em Wall Street operam em queda após falas de membros do FED

As ações asiáticas encerraram a quinta-feira sem direção única, enquanto os futuros em Wall Street operam no terreno negativo, com os investidores avaliando os riscos de uma desaceleração econômica global e as perspectivas para as taxas de juros.

As ações listadas em Hong Kong cederam, com destaque para as empresas de tecnologia, enquanto as ações japonesas encerraram a sessão como o destaque negativo no continente. A queda em Tóquio também refletiu a pressão de alta sobre o iene, depois que o banco central deixou as definições de políticas inalteradas na quarta-feira.

Já as ações australianas apagaram as perdas e subiram, depois que a geração de empregos do país caiu inesperadamente em dezembro e a taxa de desemprego permaneceu inalterada, lançando dúvidas sobre outro aumento nos juros em fevereiro.

Dados divulgados nesta quarta-feira mostraram que os consumidores americanos estão perdendo força e os investimentos empresariais caindo, aumentando as preocupações de que a economia pode estar se aproximando da recessão. Os preços ao produtor mostraram a maior queda mensal desde o início da pandemia e as vendas no varejo apontaram para a maior redução dos últimos 12 meses, o que não impediu que membros do Federal Reserve reafirmassem a necessidade de continuar apertando a política monetária.

Comentários de autoridades do Fed nesta quarta-feira repetiram pedidos de mais aumentos, mesmo depois de novos sinais de que a economia estava enfraquecendo e a inflação esfriando.

O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse que a política ainda não estava em território restritivo e projetou uma taxa prevista de até 5,5% até o final do ano nas projeções do gráfico de pontos do Fed. Já a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, disse que o Fed precisa “continuar” e o chefe do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, repetiu sua visão de elevar as taxas de juros em incrementos de um quarto de ponto “no futuro”.

Enquanto isso, as vendas globais de títulos neste ano atingiram níveis recordes, à medida que empresas e governos de todo o mundo procuram investidores para levantar centenas de bilhões de dólares em capital.

Entre as commodities, o petróleo caiu pelo segundo dia, à medida que as preocupações com a recessão nos Estados Unidos se aprofundavam e os números apontam para outro aumento nos estoques.

Por aqui, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu atacar a recém conquistada autonomia do Banco Central. Em entrevista à GloboNews, Lula classificou como “bobagem” a ideia de que um BC independente pode “fazer mais” do que quando o presidente da entidade era indicada pelo chefe do Executivo.

“Nesse País, se brigou muito para ter um Banco Central independente, achando que ia melhorar o quê? Eu posso dizer com a minha experiência: é uma bobagem. Achar que o presidente do Banco Central vai fazer mais do que quando o presidente era que indicava”, disse. “Eu duvido que esse presidente do Banco Central seja mais independente do que foi o (Henrique) Meirelles. Por que com um Banco Central independente e inflação está do jeito que está? E o juro está do jeito que está?”, afirmou.

A independência do Banco Central foi aprovada pelo Congresso em 2021 e estabelece, entre outros pontos, mandatos fixos para sua diretoria. Essas mudanças, de acordo com o próprio BC, reduzem a influência política sobre seus dirigentes, que têm como algumas de suas atribuições, determinar o patamar da Selic, atualmente em 13,75% ao ano.

Munido dessa prerrogativa, o BC controla a quantidade de dinheiro circulando na economia e o impacto que isso tem sobre os preços.

 

 

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