Morning Call 20/12

Por: Filipe Teixeira

As ações asiáticas encerraram mais um dia no vermelho, com destaque negativo para o índice Nikkei do Japão, onde os títulos da dívida japonesa despencaram após o ajuste inesperado de seu Banco Central, que ampliará a faixa de volatilidade dos rendimentos dos títulos de 10 anos para um intervalo entre -0,5% e 0,5%.

O ajuste visa “melhorar o desempenho do mercado e incentivar uma modelagem mais suave de toda a curva de rendimentos, mantendo as condições financeiras acomodatícias”, disse o Banco do Japão.

Em Wall Street, os futuros de ações também apontam para o negativo, após a segunda-feira confirmar a quarta queda consecutiva, com o S&P500 atingindo a menor cotação dos últimos 30 dias.

O impacto da mudança do BOJ (Banco Central do Japão) deve se espalhar pelos mercados globais pelo restante do ano e até 2023. Os investidores japoneses, que estão entre os maiores detentores de títulos da dívida americana e os principais participantes da dívida europeia, agora têm mais incentivo para “trazer dinheiro para casa”. Enquanto isso, o iene mais forte torna as ações japonesas mais caras para os compradores estrangeiros.

Por aqui, com um placar apertado (6×5), o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou nesta segunda-feira como inconstitucional o orçamento secreto, prática que passou a ser implementada desde maio de 2021 e que contemplava a distribuição de emendas parlamentares para redutos eleitorais de congressistas aliados do governo, tornando-se o novo símbolo do já velho conhecido “toma lá, dá cá” de Brasília.

A decisão desfavorável do supremo foi vista por líderes do Centrão como uma ação coordenada entre a Corte e o novo governo, primeiro por favorecer o novo governo, mas também e principalmente, tirar uma parte considerável do capital político do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Ao atender à solicitação da Rede – partido aliado à Lula -, o ministro Gilmar Mendes decidiu que o dinheiro necessário para bancar o futuro Bolsa Família, deve ficar fora do teto de gastos, criando assim um “salvo conduto” contra uma possível represália de Lira na votação da Proposta de Emenda à Constituição apelidada de PEC da Transição.

A PEC pretende conceder ao governo uma licença para aumentar o teto de gastos por dois anos e usar R$ 168 bilhões para pagar o valor de R$ 600, concedendo também um aumento real do salário mínimo. Agora, caso o Centrão tente diminuir esse valor e o prazo de validade da PEC para um ano, Lula pode lançar mão de seu “Plano B”: o crédito extraordinário autorizado por Gilmar Mendes.

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