Onde Investir em 2024?

Por: jessica

Nosso propósito é fornecer uma visão clara e objetiva dos melhores caminhos de investimento para este ano, ajudando investidores a tomarem decisões bem-informadas  sobre onde investir estrategicamente em 2024.

2023: taxas de juro mais altas e por mais tempo

O ano de 2023 foi marcado por desafios significativos que influenciaram o comportamento dos mercados e a confiança dos investidores. Uma das maiores provações foi a persistente inflação, que pressionou as economias globais e impulsionou os bancos centrais a adotarem políticas de aperto monetário.

Essas ações, enquanto necessárias, tiveram um impacto direto e considerável sobre os mercados de ações e renda fixa, redefinindo as expectativas para 2024.

Além disso, 2023 testemunhou uma série de tensões geopolíticas que adicionaram camadas de complexidade ao cenário de investimentos. Conflitos em regiões estratégicas, como a Ucrânia e a Faixa de Gaza, afetaram diretamente o mercado global de commodities e trouxeram à tona a importância de considerar o contexto político nas estratégias de investimento.

Outro aspecto desafiador foi o desempenho das economias emergentes, que mostraram uma sensibilidade acentuada às políticas monetárias dos bancos centrais das grandes economias.

Esses fatores contribuíram para um ambiente de volatilidade, especialmente em mercados como o Brasil e outras nações da América Latina, onde os preços dos ativos e as oportunidades de investimento foram significativamente influenciados.

Entrando em 2024, o cenário exige uma abordagem cautelosa, porém proativa. Os investidores precisarão de uma compreensão aprofundada das tendências atuais e futuras, bem como de um olhar atento às lições aprendidas no ano anterior.

Este artigo busca oferecer uma análise detalhada e insights valiosos sobre onde e como investir em 2024, proporcionando um guia confiável para navegar neste ambiente financeiro em constante evolução. Boa leitura!

Um olhar para 2024

Para 2024, antecipamos uma possível desaceleração na economia dos Estados Unidos. Isso se deve, em grande parte, à diminuição dos efeitos de fatores que sustentaram a resiliência econômica do país em 2023, como estímulos fiscais e a economia resultante das poupanças extraordinárias dos consumidores.

Neste contexto internacional, nossa preferência de investimento se inclina para a renda fixa americana em detrimento das ações dos EUA. Tal escolha é motivada pelo prêmio de risco historicamente baixo na renda variável nestes cenários e pelas taxas atrativas da renda fixa global, as mais elevadas desde 2007.

Além disso, a renda fixa apresenta um potencial de proteção para os investidores em cenários de desaceleração econômica.

Novo boom de commodities?

Olhando para o futuro, vemos o Brasil em uma posição favorável no cenário global, provavelmente continuando a se beneficiar dos altos preços das commodities e do interesse de investidores em mercados emergentes.

Mantém-se portanto um otimismo cauteloso em relação aos ativos brasileiros, especialmente no que tange à Bolsa de Valores. Também é aguardado que o ciclo de flexibilização monetária prossiga em 2024, abrindo espaço para diversas oportunidades em Renda Fixa e na indústria de fundos.

O objetivo deste artigo não é prever o futuro, mas reforçar a importância de construir um portfólio de ativos diversificado e alinhado ao seu perfil de risco. Acredito que essa seja a abordagem mais eficaz para navegar pelos mercados e alcançar resultados sólidos em 2024.

Após um ciclo de aperto monetário mais prolongado do que o esperado, a questão central se transforma de “quão altas” para “por quanto tempo” as taxas permanecerão elevadas.

Inicialmente, as políticas monetárias devem continuar restritivas nas economias desenvolvidas durante 2024, em meio a uma inflação ainda alta e ao crescimento da dívida pública.

Consequentemente, o crescimento econômico global provavelmente será inferior ao potencial. Na América Latina, a sensibilidade dos preços dos ativos às taxas de juros é notável, e a velocidade e intensidade do relaxamento monetário também dependerão do contexto global.

Enquanto a China pode apresentar um crescimento mais modesto, os preços das commodities tendem a se manter elevados.

Desaceleração da Economia Americana: Um Olhar para o Futuro

Ao olharmos para 2024, prevemos que a economia americana pode desacelerar. Os motivos que mantiveram a economia resiliente em 2023, como estímulos fiscais e poupanças extraordinárias, podem perder força.

Nesse cenário, a renda fixa dos EUA parece mais atraente do que as ações ao menos neste primeiro semestre, onde a expectativa é pela continuidade dos juros altos, atualmente no maior patamar desde 2007.

China e o Crescimento Econômico

Na China, o crescimento econômico tem sido mais fraco do que o esperado, mas isso não necessariamente leva a preços de commodities mais baixos. A demanda chinesa por commodities continua robusta, sustentando os preços globais.

Brasil: Perspectivas e Política Monetária

No Brasil, projetamos um crescimento econômico mais fraco, mas com espaço para redução da taxa de juros pelo Banco Central. As incertezas fiscais e políticas podem adicionar volatilidade ao mercado. Ainda assim, o país se beneficia dos preços altos das commodities e de uma política monetária conduzida tecnicamente.

Em 2023, o Brasil enfrentou um cenário econômico desafiador, marcado por mudanças significativas em indicadores-chave. A taxa de inflação, medida pelo IPCA, começou o ano com uma previsão de 4,46% no primeiro Boletim Focus, mas, ao final do ano, o principal indicador de inflação aqui no Brasil registrou uma inflação acumulada de 4,62%.

A taxa de desemprego mostrou uma lenta recuperação, mas permanecendo em níveis elevados, em torno de 7,7% (ainda não temos o dado consolidado do 4T223)

A trajetória da taxa Selic ao longo de 2023 foi marcada por uma série de ajustes. O Banco Central, respondendo às pressões inflacionárias e ao contexto econômico global, reduziu a taxa Selic de um patamar inicial de 13,75% para 11,75% ao final do ano.

Esses movimentos visavam conter as pressões inflacionárias, mas também refletiam as incertezas no ambiente econômico global.

No que tange às contas públicas, o Brasil continuou a enfrentar desafios em 2023. O déficit primário, que é a diferença entre receitas e despesas do governo, excluindo o pagamento de juros da dívida, ficou em torno de R$ 120 bilhões, evidenciando as dificuldades fiscais do país.

A dívida pública manteve sua trajetória ascendente, aproximando-se de 75% do PIB, um nível que levanta preocupações quanto à sustentabilidade fiscal a longo prazo.

Comparando o primeiro e o último Boletim Focus de 2023, divulgados pelo Banco Central do Brasil, observou-se uma revisão significativamente positiva nas expectativas para a economia.

Enquanto no início do ano havia um otimismo cauteloso, com projeções de crescimento do PIB em torno de 1,5%, o último boletim ajustou essa expectativa para cerca de 3,0%, refletindo o impacto das condições econômicas globais e internas.

Este ajuste nas previsões ressalta a volatilidade do cenário econômico e a importância de uma análise constante das tendências para uma tomada de decisão informada.

Brasil: Política

À medida que avançamos para 2024, a política em Brasília continuará focada em delinear o curso da agenda econômica do governo federal.

Este ano será marcado por um debate prolongado em que o Ministério da Fazenda lutará para implementar novas estratégias de arrecadação. Estas medidas são cruciais para compensar o aumento dos gastos decorrentes do novo arcabouço fiscal e para garantir um orçamento equilibrado.

Paralelamente, facções mais orientadas pela política buscarão proteger os investimentos governamentais, resistindo às sugestões de metas de superávit primário para os próximos anos, com receio de que isso limite a capacidade de investimento do governo.

Este confronto já se desenrolava desde o início do mandato e, em 2023, ganhou destaque com a atuação eficaz do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Após a aprovação da PEC da Transição em 2022, que aumentou as despesas em cerca de R$ 168 bilhões, Haddad conseguiu aprovar medidas para reforçar a arrecadação federal.

Ele superou, no primeiro semestre, propostas de colegas que visavam um marco fiscal mais leniente e, em agosto, encaminhou um projeto de lei orçamentária acompanhado de iniciativas para equilibrar as contas no ano seguinte.

Nos últimos meses, a disputa intensificou-se com o debate sobre a meta fiscal de 2024. Diante da possibilidade de não aprovação integral da agenda de arrecadação e da improvável realização do déficit zero em 2024, alguns grupos do governo defenderam uma flexibilização da meta de superávit primário.

Isso evitaria um contingenciamento significativo de recursos que poderia prejudicar os investimentos contínuos. No entanto, a Fazenda sustentou sua posição, promovendo uma interpretação do arcabouço fiscal que permite a redução do contingenciamento necessário e viabiliza os investimentos desejados pelo presidente Lula. Assim, o governo optou por não alterar a meta por ora.

A questão deve ressurgir no início de 2024, quando o governo se deparar com a necessidade de definir o nível de congelamento de gastos, a ser anunciado em março.

Neste momento, terá que decidir entre manter a meta atual, enfrentando as consequências de um possível descumprimento, ou alterá-la para evitar gatilhos que restringem despesas e limitam certos tipos de gastos nos anos seguintes.

Na pauta econômica de 2024, o governo também se empenhará em expandir a arrecadação para atingir as metas de superávit primário estabelecidas – 0% para o próximo ano, 0,5% em 2025 e 1% em 2026.

Entre outras medidas, a equipe econômica planeja propor uma reforma tributária sobre a renda, incluindo a revisão das alíquotas do imposto de renda para pessoas jurídicas, a taxação de dividendos e a discussão sobre um novo modelo para substituir a dedutibilidade dos juros sobre capital próprio.

A Fazenda continuará esforços para corrigir distorções no sistema tributário, buscando ampliar a arrecadação. Esses serão alguns dos desafios enfrentados pelo governo junto ao Congresso no próximo ano.

No âmbito dos impostos sobre o consumo, o debate se concentrará nos projetos de lei para a regulamentação da PEC 45, que criou dois novos tributos (IBS e CBS) em substituição a ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI. Espera-se que a tramitação desses projetos, a serem propostos pelo Executivo, domine parte da agenda legislativa de 2024.

Adicionalmente, em 2024, ocorrerão eleições municipais em todo o país. Essas eleições serão vistas como um termômetro do bolsonarismo, avaliando a influência do ex-presidente e seus apoiadores após deixarem o poder. O governo, por sua vez, buscará expandir o controle sobre prefeituras alinhadas, visando fortalecer sua posição para as eleições de 2026.

Onde investir estrategicamente em 2024.

À medida que adentramos um novo ano, observamos que muitos dos riscos macroeconômicos globais que enfrentamos nos últimos 12 meses continuam presentes ou foram apenas adiados.

Isso inclui a persistência das taxas de juros elevadas nos mercados desenvolvidos e a incerteza em torno de uma possível recessão.

No entanto, também há razões para otimismo, como perspectivas de lucratividade mais favoráveis no próximo ano e o fim de um ciclo de aumento nas taxas de juros.

No contexto brasileiro, o risco de eventos imprevisíveis que estava precificado no início de 2023 diminuiu, mas as discussões sobre a meta de déficit fiscal e possíveis mudanças tributárias para empresas ainda exercem pressão sobre os ativos financeiros.

As ações brasileiras têm se beneficiado do retorno de fluxos de capital estrangeiro e investimentos institucionais. Ao analisar os quatro principais países no índice de mercados emergentes (China, Índia, Taiwan e Coreia do Sul, representando coletivamente 73% do peso), observamos que os fluxos de investidores globais inicialmente foram impulsionados pelo otimismo em relação à reabertura da China.

No entanto, os desafios estruturais enfrentados pela China em várias áreas, como finanças, imobiliário e tecnologia, juntamente com a indicação dos bancos centrais globais de uma política monetária mais restritiva, resultaram em significativas saídas de capital da China e de outros mercados emergentes.

O cenário macroeconômico tem mostrado melhorias, com o mercado precificando cortes de juros nos Estados Unidos em meados de 2024 e a possibilidade de outras economias seguirem o mesmo caminho.

Isso pode resultar em fluxos de investimentos positivos significativos em direção aos mercados emergentes. Dadas as dificuldades enfrentadas pela China e outros mercados emergentes, é plausível que o Brasil se beneficie, especialmente por estar adiantado no ciclo de flexibilização monetária e por apresentar métricas fundamentalistas que indicam uma atratividade do mercado brasileiro.

No que diz respeito aos fluxos institucionais, antecipamos um impulso positivo à medida que nos aproximamos do afrouxamento da política de corte de juros pelos bancos centrais e à medida que o apetite pelo risco se fortalece.

Além disso, há uma clara correlação entre os fluxos de fundos de investimento e a taxa Selic: em períodos de redução das taxas de juros, os fluxos tendem a se tornar positivos, e vice-versa. Com o início da diminuição da taxa Selic, esperamos uma reversão desses fluxos negativos que temos observado até o momento.

A análise do panorama de 15 anos do Ibovespa demonstra que, do ponto de vista fundamental, as ações brasileiras ainda são consideradas baratas. Ao examinar indicadores como Preço/Lucro, Preço/Valor Patrimonial e EV/EBITDA, observamos que esses valores estão sendo negociados abaixo de suas médias históricas de longo prazo.

Além disso, o Prêmio de Risco e o Dividend Yield também estão acima de suas médias, enquanto o ROE (retorno sobre patrimônio) negocia acima da média dos últimos 15 anos, mesmo em um ambiente de taxas de juros em patamares elevados.

Embora o corte da taxa Selic tenha sido eclipsado pelo aumento das taxas de juros globais, ainda vemos o início deste ciclo como algo positivo para as ações brasileiras, à medida que finalmente avançamos para sair de níveis de taxas de juros tão restritivos.

Caso os bancos centrais globais comecem a reduzir as taxas de juros, isso deverá aliviar a pressão para manter a taxa Selic em níveis elevados e, consequentemente, beneficiar os ativos de risco brasileiros.

 

Renda Fixa: qualidade e diversificação

Embora tenha havido melhorias, para 2024, nossa orientação ainda é de cautela ao investir em crédito privado. Recomendamos escolher títulos de empresas com sólida qualidade de crédito, preferencialmente com prazos não muito extensos, até aproximadamente cinco anos, e limitar a exposição a uma única empresa a cerca de 1% a 3% do total investido.

Uma composição equilibrada da carteira de renda fixa deve incluir títulos públicos e emissões bancárias, observando sempre o emissor e o limite de cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Em relação aos indexadores, nossa preferência continua sendo pelo IPCA+, especialmente considerando a tendência de queda dos juros e um cenário externo e fiscal interno ainda instáveis.

Os títulos vinculados ao IPCA, com prazos médios a longos, oferecem proteção contra a inflação, que se espera permaneça acima da meta do Banco Central, se mantidos até o vencimento.

Os títulos prefixados, por outro lado, agora oferecem taxas de cerca de 11% ao ano, ou mais para títulos privados, um patamar que não se via há meses. Embora representem uma oportunidade, é importante estar ciente das incertezas que podem causar volatilidade adicional na curva de juros.

Assim, sugere-se que os prazos para esses ativos sejam de cerca de três anos ou menos.

É fundamental considerar a marcação a mercado para títulos prefixados e IPCA+. Títulos mais longos são mais sensíveis às flutuações do mercado antes do vencimento, especialmente os prefixados.

No contexto internacional, a renda fixa surge como uma opção para diversificar. Com a expectativa de manutenção de juros altos pelo Federal Reserve, os títulos públicos soberanos dos EUA (Treasuries) oferecem taxas em dólar de aproximadamente 4,5% a 5,5% ao ano, variando conforme o prazo. Investir nesses ativos, considerados “livres de risco” (“risk-free”), resulta em rendimentos relativamente altos.

Da mesma forma, nos títulos corporativos dos EUA (bonds), é prudente focar em emissores de alta qualidade de crédito.

Tanto para Treasuries quanto para bonds, é essencial prestar atenção aos prazos. Devido ao risco de juros altos por um período prolongado nos EUA, títulos mais longos atualmente oferecem rentabilidades menores do que os mais curtos e, por serem predominantemente prefixados, estão sujeitos a maior volatilidade antes do vencimento.

Considerando o risco cambial, já que esses títulos são denominados em dólares e podem haver flutuações em relação à moeda brasileira, eles podem também servir como uma forma de proteção para a carteira de investimentos, dada a força do dólar.

Portanto, em 2024, vemos um ano repleto de oportunidades para investimentos em renda fixa. O panorama para o crédito privado melhorou, e a percepção de risco macroeconômico, embora ainda presente, diminuiu significativamente, como refletido na curva de juros, abrindo espaço para novas emissões com taxas ainda atrativas.

 

Baixe o e-book gratuito: de acordo com a análise detalhada realizada pela XP, espera-se um cenário favorável em 2024 para investidores que priorizem a diversificação.

ONDE INVESTIR ESTRATEGICAMENTE 2024

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