Orçamento, estrutura e custo de capital
Por: Willian PornerA gestão financeira de uma empresa é um campo complexo e multifacetado, onde decisões cruciais são tomadas diariamente para garantir o sucesso e a sustentabilidade do negócio.
Nesse contexto, elementos-chave como o orçamento, a estrutura de capital e o custo de capital desempenham papeis fundamentais para que a gestão tome suas decisões estratégicas.
Este artigo buscará examinar de maneira abrangente as interações entre orçamento, estrutura de capital e custo de capital na gestão financeira das empresas.
Definições e Conceitos
Orçamento de Capital
O orçamento empresarial é uma ferramenta essencial para o planejamento o controle financeiro. Ele não apenas estabelece metas e objetivos financeiros, mas também fornece um roteiro para a gestão dos recursos disponíveis.
O Orçamento de Capital é usado para determinar quais investimentos de capital de longo prazo devem ser escolhidos pelas empresas para um determinado período.
O Orçamento de Capital é uma ferramenta utilizada pelas empresas para avaliar os investimentos da empresa com base no retorno.
Portanto, essa ferramenta é utilizada pela área financeira da empresa para determinar quais projetos serão mais rentáveis ao longo de um período. Por meio do Orçamento de Capital é possível estimar a estrutura de capital e os custos futuros, que são fatores que impactarão na taxa de crescimento da empresa.
Estrutura de capital
A estrutura de capital é a composição das fontes de financiamento que uma empresa utiliza, como capital próprio e capital de terceiros. Encontrar o equilíbrio certo entre essas fontes é crucial. O capital próprio pode oferecer estabilidade, mas pode ser limitado e caro, enquanto o capital de terceiros pode ser mais acessível, mas traz consigo encargos financeiros.
As empresas precisam considerar fontes como custo, risco e flexibilidade ao determinar sua estrutura de capital ideal. Estratégias inteligentes para otimização da estrutura de capital ideal. Estratégias inteligentes para otimização da estrutura de capital podem influenciar diretamente a capacidade da empresa de investir, expandir e enfrentar desafios financeiros.
Custo de capital
O Custo de Capital é a taxa de retorno que uma empresa deve gerar pra satisfazer todos os provedores de capital. Nesse sentindo, está incluso o custo do capital próprio e o custo do capital de terceiros.
Determinar com precisão o custo de cada fonte de financiamento é de suma importância pra tomada de decisões de investimentos
O custo do capital é inerente ao risco do investimento. Projetos com maior risco geralmente têm um custo de capital mais elevado, enquanto investimentos mais seguros podem ser financiados a taxas mais baixas.
Orçamento de Capital
Um elevado nível de investimento em diversos ativos pode causar escassez de capital, já investimentos insuficientes podem dificultar o crescimento da empresa. Esses são erros que podemos identificar a partir do Orçamento de Capital.
Instrumentos de Análise do Orçamento de Capital
São alguns dos métodos de Orçamento de Capital:
- Payback: é um indicador que determinada o tempo necessário para recuperação do valor investido;
- Payback Descontado: é um indicador que determina o tempo necessário para a recuperação do valor investido, entretanto, aqui se considera o valor do dinheiro ao longo do tempo;
- Valor Presente Líquido (VPL): o VPL consiste no valor presente do fluxo de caixa futuro;
- Taxa Interna de Retorno (TIR): é uma taxa de desconto que iguala o valor presente do fluxo de caixa futuro ao investimento inicial.
Pontos importantes na elaboração do Orçamento de Capital
- Realizar um levantamento dos investimentos necessários para o crescimento da empresa;
- Avaliar os projetos e utilizar os indicadores como Valor Presente Líquido – VPL, Taxa Interna de Retorno – TIR, Payback e Payback descontado, para auxiliar na tomada de decisão;
- Realizar a definição com relação a fonte de capital. É necessário avaliar se é melhor utilizar capital próprio ou de terceiros.
- Outros fatores importantes a serem considerados são as condições de mercado, de custos, tributação, localização, preços a serem praticados e as condições de financiamento;
- Acompanhamento e auditoria do projeto.
Todos esses são alguns dos principais fatores que compõem a elaboração de um Orçamento de Capital.
Estrutura de Capital
A Estrutura de Capital é o termo utilizado para descrever as combinações que as empresas fazem com relação as fontes de recursos que a compõem. Em outras palavras, estamos falando sobre como os recursos chegam na empresa, seja por meio de aportes dos acionistas ou dos bancos via empréstimos e financiamentos.
As empresas podem ser compostas por dois tipos de capital, sendo capital oriundo dos sócios e o capital oriundo de terceiros. Cada um conta com suas especificidades.
É possível identificar a estrutura de capital a partir do balanço patrimonial da respectiva empresa, por meio do capital social e o passivo não circulante.
Fontes de capital: Capital Próprio x Capital de Terceiros
O Capital próprio nada mais é do que os recursos dos sócios que são utilizados para constituir a empresa. As informações devem estar postas para todos que aportam na empresa, para que saiba a destinação dos valores, para que esses valores serão utilizados e como serão utilizados.
Diferentemente do capital de terceiros, não há como os acionistas não formarem o capital próprio.
Um ponto importante que deve ser considerado é que em cenário de juros mais baixos, há a tendência de redução do capital próprio em virtude do capital de terceiros se tornar “mais barato”.
Quando falamos sobre Capital de Terceiros, estamos nos referindo aquele que a empresa capta via empréstimos e financiamentos. É claro, nesse modelo de capitalização a empresa paga juros como remuneração ao credor.
Estrutura de Capital Alvo
É natural que no planeamento financeiro de uma empresa, os gestores tenham uma estrutura de capital alvo, ou seja, aquela estrutura considerada ideal. Nesse sentido leva-se em consideração o custo de capital e os objetivos da empresa.
Em outras palavras, podemos dizer que a estrutura de capital alvo seja aquela em que resulta na maximização da riqueza dos acionistas.
Neste sentido, Brigham e Ehrhardt (2011), sugerem que seja necessário verificar a riqueza dos acionistas a partir dos valores de mercado das dívidas e do patrimônio líquido diante da estrutura de capital que for considerada.
Para isso, eles pontuam alguns passos importantes para se considerar:
- Estimar a taxa de retorno;
- Estimar o custo de capital próprio;
- Estimar o custo de capital médio ponderado (WACC);
- Estimar o valor das operações (valor presente dos fluxos de caixa livres descontados pelo WACC).
Custo de Capital
O Custo de Capital é equivalente ao retorno mínimo exigido pelos credores e acionistas, que são os financiadores dos recursos, para determinar a viabilidade de um determinado investimento.
As empresas buscam financiar seus projetos junto aos acionistas e credores ou então por meio de seu capital próprio. É claro que acionistas e credores exigem um retorno sobre o valor investido para financiar a empresa.
Algumas das principais maneiras para captação de recursos são: reserva de lucros, empréstimos, contrato de leasing e adesão de novos investidores por meio de follow-on, por exemplo.
Custo de Capital Próprio
No caso dos custos de capital de terceiros, o “custo” se dá basicamente pela taxa que é cobrada pelos financiadores.
No caso do custo de capital próprio, o conceito nos leva a compreender que este custo é o rendimento mínimo que os acionistas exigem da empesa para remunerá-los e para manter o preço de mercado de suas ações.
Em outras palavras, o custo de capital próprio é o retorno mínimo que os acionistas exigem para justificar a adesão de um determinado investimento.
Custo de Capital de Terceiros
O Custo de Capital de Terceiros, compreende o custo relativo aos financiamentos e formas de empréstimos que devem ser pagos aos bancos, investidores ou outras instituições. Aqui deve ser considerados os prazos de pagamentos e os juros a serem pagos.
Integração entre Orçamento, Estrutura e Custo de Capital
A interconexão entre orçamento, estrutura e custo de capital é evidente. Decisões tomadas em uma área podem ter impactos significativos nas outras. Por exemplo, um aumento no investimento em ativos imobilizados pode influenciar a estrutura de capital da empresa. Isso pode levar a um aumento da sua dependência de capital de terceiros e, consequentemente, afetar seu custo de capital.
O aumento do custo de capital a partir do custo de capital de terceiros pode impactar o resultado da empresa, dado o custo financeiro. Dito isso e a depender do cenário de custo de financiamento, pode ser do interesse dos acionistas não realizar determinados investimentos ou então financiar por meio de capital próprio.
Conclusão
Conforme exploramos as interconexões entre orçamento de capital, estrutura de capital e custo de capital, fica claro que esses elementos desempenham papéis cruciais na gestão financeira e na tomada de decisões estratégicas das empresas. Cada componente não existe isoladamente, mas opera em conjunto.
O orçamento de capital além de guiar a alocação eficiente de recursos, também serve como um mecanismo adaptativo, permitindo que as organizações respondam agilmente às mudanças nas condições de mercado.
A estrutura de capital, define a arquitetura financeira da empresa. A decisão de equilibrar entre capital próprio e de terceiros não é apenas uma escolha contábil, mas uma estratégia crucial que influencia a solidez financeira e a capacidade de investimento.
Ao considerar o custo de capital, entramos no cerne da avaliação financeira. Calcular precisamente o preço do dinheiro, seja através do custo de capital próprio ou de terceiros, é vital para a avaliação de projetos e investimentos.
Em um mundo empresarial dinâmico e desafiador, as organizações que conseguem equilibrar adequadamente o orçamento, a estrutura e o custo de capital têm maior probabilidade de prosperar