Preferência Temporal: a dicotomia entre gastar hoje ou poupar para o futuro.

Por: Eliseu Manica

Você tem uma boa receita mensal, mas sempre termina o mês no zero a zero. Quando sobra uma graninha, trata de achar algo pra comprar.
Agora, com as opções de lojas virtuais, ficou até mais fácil arrumar um destino para aquele dinheiro extra que aparece na conta. Quem sabe uma passadinha na Amazon ou na Netshoes?
Às vezes, quando surge alguma despesa extra (batida do carro, conserto do encanamento, viagem familiar não programada), você busca logo o crédito pessoal com o seu gerente do banco e compromete parte da receita futura. Já viu esse filme? 
Não há nada de errado em optar por consumir hoje no lugar de poupar pelo futuro. Em termos econômicos, chamamos isso de preferência temporal.

“Trata-se da manifestação de um princípio básico da ação humana: o homem prefere o usufruto de um bem no presente ao usufruto desse mesmo bem no futuro. Esse é conceito da preferência temporal”, diz o Economista Leandro Roque, editor do Blog Mises Brasil.

A preferência temporal “é esse fenômeno natural que explica por que os bens presentes possuem um valor maior, um prêmio, em relação aos bens futuros – e é esse fenômeno que fornece a origem e a justificativa para o pagamento de juros”.
Leandro também afirma que o fenômeno da preferência temporal “é na verdade uma simples questão de bom senso: o homem prefere uma dada quantia de um bem no presente à mesma quantia desse bem no futuro. Mais ainda: somente uma maior quantia desse bem no futuro pode persuadir o homem a abrir mão desse bem no presente”. Guarde bem essa última frase do economista, vamos utilizá-la logo mais pra convencê-lo de que vale a pena guardar para investir.
Quando muitas pessoas resolvem optar por uma preferencia temporal maior, ou seja, gastar hoje ao invés de poupar para gastar amanhã, a reserva de dinheiro tende a diminuir (você vai ouvir na televisão de algum economista que “é baixo o nível de poupança no país”).
Com uma oferta baixa e uma alta demanda, o custo do bem de trocas (o dinheiro) aumenta. Ok, mas qual é o custo do dinheiro? Ao custo do dinheiro no tempo, como nos explica Leandro Roque, damos o nome de Juro.
Está aí uma explicação para o juro alto: muita demanda por dinheiro para pouca poupança.
Em teoria, os juros deveriam flutuar de acordo com essa demanda por dinheiro. Sabemos que não é bem assim, pois os bancos centrais utilizam as taxas de juros como mecanismos de controle de crédito/consumo (esse é uma papo para outro artigo).
Certo, mas onde quero chegar com esse papo de preferência temporal e juros?
Sim, eu falava que não há nada de errado em optar por consumir agora do que poupar para consumir no futuro. Entretanto, essa postura pode ser bem crítica para as suas finanças pessoais.
Se optarmos por uma preferência temporal menor (poupar no lugar de consumir), temos a possibilidade de fazer uma “mágica” com o nosso dinheiro: multiplicá-lo!
O Felipe Fontana já falou aqui sobre a “mágica por trás dos Juros Compostos”. Tem até uma famosa declaração atribuída ao Einstein que fala dos juros compostos:

“Os juros compostos são a força mais poderosa do universo”, Albert Einstein.

O Brasil, por diversos motivos, tem um histórico de juros altos. Mesmo com uma tendência agora de queda, essas taxas continuarão altas por um bom tempo.
Por isso, vale muito a pena, pra quem quer construir patrimônio, gastar menos do que ganha (abrir mão de consumir hoje pra consumir no futuro), ou, pra usar os conceitos da Escola Austríaca de Economia, optar por uma preferência temporal menor.
Com as altas taxas, esse “futuro” é muito mais próximo do que se imagina.

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