Tudo Sobre IPO: Quando Uma Empresa Passa A Ser Negociada Na Bolsa De Valores

Por: Olacir Lima

Tudo Sobre IPO: Quando Uma Empresa Passa A Ser Negociada Na Bolsa De Valores

O IPO, ou Oferta Pública Inicial, é um dos eventos mais significativos no ciclo de vida de uma companhia, pois é quando uma empresa privada decide abrir seu capital e se tornar uma empresa pública, listada na bolsa de valores.

É um processo complexo e emocionante que pode trazer muitos benefícios para a empresa, seus acionistas e investidores em geral.

Neste artigo, vamos explorar tudo o que você precisa saber sobre o IPO, desde como funciona o processo de abertura de capital, até os benefícios e riscos associados à listagem de uma empresa na bolsa de valores.

Também discutiremos como os investidores podem participar de um IPO e quais são os critérios mais importantes a serem considerados antes de investir em uma empresa recém-listada.

Então, se você está interessado em entender como as empresas passam a ser negociadas na bolsa de valores, continue lendo para saber tudo sobre o IPO.

Neste artigo você vai encontrar:

  • O que significa IPO?
  • Por que empresas abrem capital?
  • O que é necessário para fazer um IPO?
  • Etapas de um IPO
  • Quais são os tipos de ofertas públicas?
  • Vale a pena investir no IPO de uma empresa?

O que significa IPO?

A sigla IPO, em inglês, significa “initial public offering”, que se traduz para “oferta pública inicial” em português. Isso marca a primeira vez que uma empresa emite novas ações para o mercado, tornando-se uma empresa de capital aberto que as ações são negociadas na bolsa de valores.

Geralmente, as empresas que realizam um IPO estão em uma fase mais madura de seus negócios. No Brasil, essas operações historicamente envolvem grandes quantias de dinheiro, frequentemente na casa das centenas de milhões de reais.

Por que empresas abrem capital?

O processo de IPO é uma empreitada complexa e, frequentemente, dispendiosa para as empresas. Isso requer uma mudança significativa de mentalidade por parte da gestão, pois eles precisam começar a fornecer informações detalhadas ao mercado e lidar com novos acionistas.

Mas, mesmo assim, muitas empresas optam por seguir com esse processo de abertura de capital. Então, quais são algumas das principais razões por trás dessa escolha? Descubra a seguir:

Acesso a capital

Uma das maneiras que as empresas utilizam para levantar recursos é por meio da emissão de ações.

Para se tornar um acionista da empresa e participar de seus resultados, o investidor deve comprar os papéis, pagando em dinheiro por eles. Esses recursos geralmente são utilizados para financiar investimentos necessários ao crescimento e prosperidade da empresa.

Apesar de outras opções para levantar recursos, tais como gerar receita própria ou obter empréstimos bancários, emitir ações apresenta suas vantagens.

Diferentemente de empréstimos, as ações não têm data de vencimento ou retorno predeterminado, o que permite maior flexibilidade na gestão de recursos pela empresa.

Ademais, devido ao tamanho das operações e ao prazo de retorno dos investimentos financiados, o custo de emissão de ações pode ser menor do que o de empréstimos bancários ou outras formas de crédito.

Liquidez

A abertura de capital pode ser uma forma para as empresas permitirem que seus empreendedores ou sócios tenham liquidez, ou seja, que eles possam vender suas ações a outros investidores do mercado e transformá-las em dinheiro.

Você pode estar se perguntando por que um empreendedor optaria por vender suas próprias ações.

Existem diversas razões para isso. Por exemplo, ele pode estar interessado em criar novos negócios e precisa de recursos em caixa.

Ou pode notar que suas ações estão valendo muito em vista dos resultados e perspectivas para a empresa, tornando a venda uma ótima ideia.

Além disso, os fundos de venture capital e private equity podem se tornar sócios de empresas em estágio inicial com o objetivo de vender suas ações com lucro posteriormente, em um IPO.

Imagem

Ao abrir o capital, uma empresa precisa ajustar seus processos internos e aumentar significativamente a transparência sobre suas operações e resultados.

Isso ocorre para que os investidores tenham acesso detalhado às informações da empresa e possam decidir se querem manter seus recursos aplicados ou não.

Essa mudança geralmente tem dois efeitos. O primeiro é um aumento na credibilidade, uma vez que o mercado entende que uma empresa aberta possui um nível de governança corporativa mais elevado.

O segundo é um maior reconhecimento público e projeção, decorrentes da maior visibilidade na mídia e do acompanhamento constante por investidores e analistas.

O que é necessário para fazer um IPO?

Para realizar um IPO, a empresa deve seguir uma série de requisitos legais e regulatórios.

É necessário que a empresa esteja legalmente constituída como uma sociedade anônima (S/A), com seu capital dividido em ações, ao contrário de empresas limitadas que possuem cotas.

Além disso, a empresa deve atender a várias exigências, incluindo a apresentação de relatórios financeiros auditados externamente, conformidade fiscal e de governança corporativa, controles internos, gestão de recursos humanos e estrutura societária.

Etapas de um IPO

Para uma empresa abrir capital na bolsa não é tão simples assim, são necessárias algumas etapas que podem levar mais de um ano. Aqui estão estas etapas:

Planejamento e auditoria

A etapa de planejamento e preparação de uma empresa para a realização de um IPO costuma ser a mais extensa do processo.

De acordo com consultorias, como a PWC (PricewaterhouseCoopers), esse processo pode levar de oito meses a três anos.

Uma das principais razões para esse prazo é a exigência legal de que a empresa apresente três anos de balanços auditados antes de abrir o capital.

Se a empresa já tiver o hábito de auditar seus resultados, esse processo pode ser mais simples. Caso contrário, pode ser necessário esperar até o final do período para ter os números necessários.

Durante a fase de planejamento, a empresa e seus assessores financeiros definem todos os detalhes da operação, desde o valor dos recursos que serão levantados até a composição das ações que serão oferecidas e a avaliação da empresa.

Roadshow

O processo de apresentação da empresa e oferta para o mercado é conhecido como roadshow.

Essas reuniões são organizadas pelas instituições financeiras responsáveis pela operação e costumam ser realizadas com analistas financeiros, corretoras e investidores em potencial.

O objetivo é atrair grandes investidores para participar do negócio.

Durante o roadshow, os principais executivos da empresa, incluindo o presidente, costumam estar presentes nas reuniões.

Esses encontros podem acontecer tanto no país quanto no exterior, já que os investidores estrangeiros são importantes para o mercado brasileiro.

Durante as reuniões, espera-se que os executivos possam esclarecer as dúvidas dos participantes, deixando-os confortáveis com a empresa e interessados na operação.

O roadshow é geralmente um período cansativo do processo de IPO, uma vez que as reuniões acontecem várias vezes ao dia e podem durar algumas semanas.

Registro e listagem

Realizar um IPO envolve seguir uma série de procedimentos burocráticos.

O primeiro passo é solicitar o registro de companhia aberta junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula o mercado de capitais, e obter autorização para realizar a venda de ações ao público.

Como se trata de uma captação de poupança popular, a operação precisa ser acompanhada pela CVM.

Paralelamente, a empresa também precisa solicitar a listagem de seus papéis na B3, a bolsa brasileira, para que possam ser negociados no pregão.

Durante o processo de listagem, a empresa pode escolher em qual “segmento de listagem” deseja ingressar, como Nível 1, Nível 2, Novo Mercado, Bovespa Mais e Bovespa Mais Nível 2.

Cada segmento possui exigências específicas de governança corporativa, tais como a quantidade e o tipo de informações a serem divulgadas, a estrutura societária permitida, o tipo de ações a serem emitidas e a quantidade de papéis a serem mantidos em circulação no mercado.

É importante lembrar que, ao fornecer dados pessoais, as empresas concordam com o envio de conteúdo informativo, analítico e publicitário sobre produtos, serviços e assuntos gerais, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados.

Prospecto

O documento mais importante de um IPO é o prospecto, que pode conter centenas de páginas.

Ele é crucial para que os investidores possam entender a companhia que está abrindo o capital e tomar uma decisão de investimento bem informada.

O prospecto é dividido em duas partes principais: uma que contém informações sobre a empresa e outra que apresenta detalhes sobre a oferta em si.

O documento inclui perspectivas e planos da companhia, dados sobre o mercado em que atua, os riscos do negócio, informações sobre sua gestão e as condições da operação.

As companhias precisam seguir uma estrutura pré-determinada para elaborar o prospecto, que define tanto o conteúdo quanto a forma de apresentação.

Uma seção do prospecto que os investidores observam de perto é aquela que lista os fatores de risco, que podem se relacionar às ações, à companhia, ao ambiente econômico ou à própria operação.

Período de reserva e bookbuilding

O interesse dos grandes investidores, como fundos e fundações de previdência, em participar de um IPO é demonstrado durante os roadshows.

Já para os investidores individuais, as ofertas geralmente incluem um período de reserva, em que eles podem indicar quantas ações da nova empresa desejam adquirir, através das corretoras de valores cadastradas para a operação.

Uma etapa fundamental do processo de IPO é o bookbuilding, que considera a quantidade de ações que os investidores institucionais indicaram que desejam comprar e a que preço, a fim de estabelecer o preço de lançamento dos papéis.

Essa etapa ajuda a empresa a avaliar a receptividade do mercado à oferta e determinar um preço condizente com as expectativas.

O valor final é divulgado em uma data prevista nos documentos da oferta, bem como a quantidade de ações que os investidores individuais poderão adquirir.

Em casos de alta demanda, pode ser necessário realizar um rateio.

Dia de estreia na Bolsa

O Dia D marca o início das negociações das ações da nova empresa no mercado.

Os investidores costumam acompanhar com atenção o desempenho dos papéis nesse dia, pois ele reflete a percepção do mercado em relação à oferta e à companhia que está sendo listada.

As cotações das ações podem subir significativamente, o que é considerado um bom sinal, ou cair, dependendo da recepção do mercado.

Quais são os tipos de ofertas públicas?

Existem diversas formas de classificar a oferta de ações em um IPO, dependendo da fonte das ações e do uso dos recursos arrecadados. São elas:

Ofertas primárias – são aquelas em que as empresas vendem novas ações no mercado, com o objetivo de aumentar seu capital social.

Os recursos arrecadados são direcionados para o caixa da empresa e geralmente são utilizados para a expansão dos negócios, por meio de novos investimentos.

Ofertas secundárias – Já as ofertas secundárias são a venda de ações que já existiam, normalmente pertencentes a sócios que desejam se desfazer de sua participação no negócio.

Nesses casos, não há aumento de capital para a empresa e o dinheiro da operação é destinado aos proprietários das ações vendidas.

Vale a pena investir no IPO de uma empresa?

Aqueles que consideram a possibilidade de adquirir ações em um IPO devem avaliar seus objetivos de investimento, se são de curto ou longo prazo.

Para investidores que buscam se tornar sócios da empresa e crescer junto com ela, há alguns aspectos a serem considerados.

Uma empresa recém-listada não possui um histórico longo de informações no mercado devido à sua novidade.

As regulamentações sobre ofertas públicas exigem informações dos três anos anteriores, o que pode dificultar a avaliação do desempenho da empresa em diferentes períodos econômicos.

Além disso, os atuais sócios possuem mais informações sobre a empresa do que o mercado em geral, o que representa uma assimetria de informações.

É difícil comparar a empresa com seus concorrentes, principalmente se pertencer a um setor com poucas empresas listadas na bolsa.

Por isso, é importante acompanhar as análises elaboradas por especialistas para obter opiniões embasadas sobre as empresas.

Há investidores que participam de IPOs com o objetivo de se desfazer das ações rapidamente, no mesmo dia em que elas começam a ser negociadas no pregão, conhecidos como “flippers”.

As ações de empresas recém-listadas costumam ter uma alta demanda inicial, o que pode resultar em uma valorização significativa no primeiro dia de negociação.

Inscreva-se na newsletter

Fique por dentro das novidades



    Acompanhe nossas redes