Finanças Comportamentais: o que é e como afeta os investidores?

Por: Willian Porner

As Finanças comportamentais são uma subárea da economia que se concentra nas decisões financeiras das pessoas e nas razões por trás delas.

A teoria é baseada na ideia de que as emoções, a cognição e as heurísticas influenciam significativamente as escolhas financeiras dos indivíduos.

1- Finanças comportamentais e Investimentos

2- Vieses Comportamentais

3- Conclusão

Umas das primeiras coisas que você escuta nas aulas iniciais de Introdução à Economia na graduação é de que as decisões tomadas pelos indivíduos são racionais e que o indivíduo está sempre em busca da maximização dos resultados dado necessidades infinitas e recursos escassos.

Ao contrário da teoria financeira tradicional, que pressupõe que as pessoas são racionais e que as tomadas de decisões financeiras são baseadas na busca de maximização de lucros, o campo das finanças comportamentais apresenta um outro ponto.

Considera que as pessoas frequentemente fazem escolhas financeiras irracionais. Isso pode incluir coisas como gastar dinheiro desnecessariamente, não investir o suficiente para alcançar seus objetivos financeiros a longo prazo, ou tomar decisões imprudentes baseadas em medo ou otimismo excessivo.

A área de Finanças Comportamentais estuda esses comportamentos e oferece estratégias para ajudar as pessoas a tomar decisões financeiras mais informadas e sólidas.

Isso pode incluir técnicas de gerenciamento de risco, planejamento financeiro e educação financeira para ajudar os indivíduos a superar seus comportamentos financeiros irracionais.

1- Finanças Comportamentais e Investimentos

Nos últimos anos acompanhamos no Brasil uma explosão de CPF’s ativos na bolsa de valores. De 2016 até o início de 2020, o índice Bovespa avançou mais de 150%.

É claro que essa performance fez muitas pessoas olharem para esse mercado, com intuito de começar a investir, mesmo que com pouca experiência.

Mas desde então, o índice Bovespa perdeu força e nos últimos 3 anos, apresentou uma performance nem de perto parecida com aquilo que vimos no ciclo anterior.

Nesse momento, as escolhas irracionais e os vieses comportamentais ficam cada vez mais evidentes. Tive contato direto com diversos investidores nesses últimos 3 anos, e é incrível como diversas vezes a tomada de decisão é principalmente emocional.

Na área de investimentos, as finanças comportamentais estudam como as emoções e as heurísticas podem afetar a tomada de decisões dos investidores.

Ou seja, basicamente estuda questões como: o medo de perder dinheiro, a busca por ganhos imediatos, a tendência a seguir a multidão e a predisposição ao otimismo excessivo ou pessimismo excessivo.

Comentei acima sobre os vieses comportamentais, adicionalmente, podemos dizer que nada mais são do que tendências cognitivas que afetam a tomada de decisão.

Esses vieses podem levar a erros comuns, como otimismo exagerado, medo exagerado, avareza e influência social, ou seja, estamos falando de características e padrões comportamentais.

2- Vieses Comportamentais

Os vieses comportamentais podem ter um impacto significativo nos investimentos, prejudicando a performance de um investidor.

Abaixo, vou elencar alguns dos principais vieses, não necessariamente os que sejam mais relevantes, mas sim aqueles que mais identifico diariamente:

  • Otimismo exagerado: tendência a subestimar o risco e a superestimar o potencial de retorno de um investimento.
  • Aversão a risco: é um sentimento individual, é a percepção de cada investidor em relação ao risco de um investimento.Em suma, todos nós possuímos aversão a risco, o que muda é que alguns investidores possuem propensão maior a assumir posições mais arriscadas. O perfil do investidor é o que determina essa propensão.
  • Aversão a perda: é um viés comportamental comum em investimentos que se refere à tendência de as pessoas evitarem perdas a todo custo.Isso pode levar a decisões de investimento ruins, como manter investimentos perdedores por muito tempo ou não vender ativos que estão desvalorizando.
  • Influência social: quando as pessoas seguem as escolhas de investimento dos outros, mesmo quando não fazem sentido para elas.
  • Ancoragem: tendência a basear as decisões de investimento em informações ou números irrelevantes.Na prática, significa que o investidor toma suas decisões com pouco ou nenhum embasamento, e costuma fazer avaliações superficiais sobre os investimentos.
  • Confirmação: tendência a buscar informações que confirmem as próprias opiniões e a ignorar informações que as contrariem.
  • Ilusão de controle: tendência a acreditar que se pode controlar eventos incertos, como o desempenho do mercado de ações.
  • Endowment effect: tendência a dar mais valor a um ativo após adquiri-lo.
  • Herding: tendência a seguir a multidão em vez de fazer uma avaliação independente.

3- Conclusão

Em resumo, as finanças comportamentais, mais especificamente na área de investimentos, são uma abordagem importante para ajudar os investidores a maximizar seus retornos e alcançar seus objetivos financeiros a longo prazo, superando os desafios das emoções e das heurísticas financeiras.

Não superar esses desafios, pode se tornar o principal fator no insucesso nos investimentos e na insatisfação por não atingir os resultados esperados.

Para contribuir com você, caro leitor, que deseja aprofundar os estudos na área de Economia/Finanças comportamentais, sugiro ler as obras de dos principais autores dessa área, sendo alguns deles:

  1. Daniel Kahneman – Ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2002 por seus estudos sobre a teoria da escolha racional e a psicologia da decisão financeira.
  2. Richard Thaler – Professor de economia e finanças comportamentais na Universidade de Chicago e ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2017.
  3. Herbet A. Simon – Ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1978 por sua contribuição para a teoria da decisão racional e a psicologia da decisão financeira.
  4. Amos Tversky – Professor de psicologia e economia, famoso por sua colaboração com Daniel Kahneman na pesquisa da teoria da escolha racional.
  5. Meir Statman – Professor de finanças comportamentais na Santa Clara University e autor de vários livros sobre a psicologia da decisão financeira.
  6. Howard Marks: Investidor americano e fundador da Oaktree Capital Management, é autor de livros como “O mais importante para o Investidor” e “Dominando o Ciclo de Mercado”.

Estes são apenas alguns dos principais nomes da área de finanças comportamentais, mas existem muitos outros acadêmicos e profissionais que contribuíram para o desenvolvimento e a popularização desta disciplina.

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