Educação Financeira
Por: Camila FernandesA sociedade sempre está em constante evolução, surgem novas tecnologias, reformulações de antigos conceitos e ideias estão surgindo, o que fez com que todas as pessoas estejam mais conscientes do mundo ao seu redor.
Mas quando falamos da educação financeira brasileira, esta ainda não acompanha essa evolução, embora já tenha crescido significativamente nos últimos anos, mas a sociedade ainda precisa entender os conceitos e métodos que regem esse sistema.
O conceito de finanças é complicado e desafiador para a maioria das pessoas, e isso se reflete nas estatísticas do nosso país, as quais revelam a falta de educação financeira de seus moradores.
A recente pesquisa (agosto de 2022) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) evidenciou que a sociedade brasileira se encontra despreparada nessa área já que temos 79 % de suas famílias endividadas e aproximadamente 2 % da população investindo seu dinheiro.
A alfabetização financeira é um problema real, e permanece piorando, esse aumento de gastos expõe ainda mais a necessidade de promover a educação financeira para conscientizar as pessoas sobre as suas decisões individuais e familiares relacionadas ao seu dinheiro.
A gestão de finanças pessoais, não é relevante apenas para o mundo dos negócios, mas também para todos que desejam tomar decisões financeiras por conta própria.
Atualmente, é fundamental conhecer o funcionamento do sistema financeiro e o que deve ser feito em determinadas situações, visto que, a educação financeira ajuda de maneira relevante as pessoas a tomarem decisões mais assertivas diariamente.
Para pensarmos e educação financeira, devemos ter em mente que a sua melhor definição é aquela que se mostra como o método pelo qual o indivíduo e sociedade aprimoram seu entendimento dos conceitos e produtos financeiros para que, por meio dessas informações, treinamentos e orientações, sejam capazes de refinar os valores e as habilidades fundamentais para se tornarem mais conscientes das oportunidades e riscos envolvidos no setor financeiro.
E assim sendo, possam fazer escolhas mais fundamentadas, procurar ajuda da melhor maneira possível e tomar outras ações para melhorar seu bem-estar.
Em suma, a educação financeira é um processo de aprendizagem que proporciona conhecimentos voltados a finanças pessoais, ou seja, é possível adquirir uma visão crítica sobre o uso correto do dinheiro.
Mas se a sociedade não for ensinada sobre finanças ou não dá importância para o tema, acabam não tendo ideia do que fazer com o dinheiro, e, portanto, gastam mais do que ganham e se endividam bastante.
É importante ter sempre em mente uma frase famosa de Thomas Jefferson, que diz:
“Jamais gaste seu dinheiro antes de você possuí-lo.”
Contudo, fica difícil de viver a realidade dessa frase, quando não se tem interesse e conhecimento suficiente sobre finanças e pior ainda, não possui controle sobre o próprio dinheiro.
Tomar decisões de crédito, investimento, conservação, consumo e planejamento para proporcionar uma vida financeira mais sustentável não afeta somente a vida do indivíduo, mas o futuro de nossa nação.
A educação financeira proporciona a todos uma maior compreensão dessas opções, um conhecimento que aperfeiçoa e constrói uma relação equilibrada com o dinheiro.
Permitindo que se tenha determinada segurança para se viver da forma planejada, possivelmente tendo uma qualidade de vida melhor.
Uma simples fábula pode nos ensinar muito sobre educação financeira. Acompanhe abaixo uma síntese da Fábula da Cigarra e da Formiga, e as lições que dela podemos tirar:
Lições:
Temos que tomar cuidado, ao gastar todo o nosso dinheiro e reservas no presente, tendo uma boa vida agora, porém sem importar-se com o futuro, devemos sim ter uma qualidade de vida digna no presente, mas nunca esbanjar dinheiro, pois o “inverno” pode chegar em nossa vida, através de uma doença, desemprego, acidente, salário de aposentadoria muito baixo, crise financeira nacional ou até mesmo global (como na atualidade devido a pandemia do COVID), entre outros.
Assim como as formigas, devemos planejar, trabalhar e ganhar dinheiro, poupar e investir para que no futuro, possamos ter uma boa reserva, e assim diminuir os rigores do “inverno”, e continuar com uma boa ou até mesmo ter uma melhor qualidade de vida.
Educação financeira nas escolas
No início da vida escolar de toda criança deveria existir a educação financeira como uma matéria na grade curricular. Porém isso não acontecia há anos atrás, e como resultado temos uma sociedade endividada que não sabe manejar seu próprio dinheiro.
Recentemente foi realizada uma reformulação nas grades curriculares, e a educação financeira foi o tema mais sugerido para compor a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A Base Comum definirá os conteúdos que deverão fazer parte dos currículos das escolas de educação básica nos próximos anos, por determinação do Plano Nacional de Educação (PNE).
Esses conteúdos devem ser voltados à conscientização sobre a importância do planejamento, para que nossos jovens cidadãos possam desenvolver uma relação equilibrada com o dinheiro e tomar decisões acertadas sobre finanças e consumo.
Um dos pilares é o hábito de poupar. Trata-se do conjunto de conhecimentos entendidos como essenciais para o fortalecimento da cidadania e voltados para ajudar a população a tomar decisões financeiras mais autônomas e conscientes. (MEC, 2022).
“A educação financeira vai além do que comumente as pessoas entendem, como algo vinculado apenas à matemática; é planejar para ver seus sonhos realizados. É poupar em todas as áreas, como economizar água fechando a torneira. E essas são ações que podemos trabalhar desde a educação infantil até adolescentes e adultos nas universidades”, ressalta Sandra Tiné, presidente do Grupo de Apoio Pedagógico do Conef.
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- Podemos perceber que há uma determinada urgência sobre o processo de ensino aprendizagem de educação financeira nas escolas, essa reformulação das grades curriculares, demorarão alguns anos para mostrar seus frutos, pois irão refletir nos futuros adultos da nação brasileira, mas já é um grande avanço em nosso país.
Por que poupar?
Poupar dinheiro nada mais é que economizar dinheiro. Basicamente gastar menos do que sua renda no final do mês e criar um excedente de valor.
Essa atitude é essencial para uma boa saúde financeira e redução de custos.
De acordo com Benjamin Franklin “Se você almeja ser rico, pense em poupar assim como você pensa em ganhar”.
Em suma poupar dinheiro é tão importante quanto ganhar.
Ganhar dinheiro exige esforço, porém, economizar é um hábito, ou melhor, um comportamento que é necessário manter em todos os momentos, independente da situação financeira pessoal.
Com quase todo mundo usando um cartão de crédito hoje em dia, torna- se ainda mais fácil ficar fora de controle, especialmente com um limite alto.
A compra parcelada é a preferida da maioria dos brasileiros e contribui significativamente para que estes percam a noção de suas finanças e acabem gastando mais do que ganham.
Acontece que o fato de se pagar parcelado não muda o fato de ter que pagar pelo produto e ter gastos não planejados.
Sabe aquela frase “de grão em grão a galinha enche o papo”, ela pode ser aplicada no uso descontrolado do cartão de crédito, em suma, vai gastando de pouco em pouco (de R$ 5,00 em R$ 5,00; ou de R$ 10,00 e R$ 10,00, e assim sucessivamente) , e quando se dá conta, está devendo o limite inteiro do cartão.
Já dizia Benjamin Franklin, “Cuidado com as pequenas despesas; um pequeno vazamento afundará um grande navio.”
Outro exemplo clássico de gastos sem “controle” (muitas vezes sem a percepção) é quando temos dinheiro em espécie na carteira, se for trocado então, gastamos ainda mais rápido.
Por exemplo, se tem uma nota de 10,00 reais, e vê um refrigerante, um chocolate, um sorvete é comum pensar “Ah, são só 10,00 reais, não vai fazer muita diferença no final do mês”, então você acaba comprando. Acontece que gastamos 100,00 reais, 200,00 reais sem perceber.
É notório que para criar o hábito de poupar é necessário mudar várias atitudes, o ideal é montar um planejamento.
Um bom planejamento financeiro é muito importante.
Ter uma planilha onde se anota todos os gastos, por menores que sejam, é significativo para visualizar exatamente para onde está indo o dinheiro, e assim manter determinado controle sobre os gastos e desse modo consiga reduzir os mesmos e por fim economizá-lo.
Criar o hábito de poupar deve ser uma realidade na vida de todas as pessoas.
O dinheiro economizado ajudará a atingir metas e projetos futuros, comprar produtos ou serviços com dinheiro à vista e obter descontos, e até mesmo, dar paz de espírito, já que, em caso de emergência terá recursos para supri-lo, por isso, é necessário trocar maus hábitos por aqueles que fazem a diferença.
E isso pode ser ilustrado com a frase de Edmund Burkeou, que diz “Se comandarmos a nossa riqueza, seremos ricos e livres. Se a nossa riqueza nos controlar, estaremos, de fato, pobres”, ou seja, não é apenas poupar dinheiro, é assumir o controle do mesmo, é sentir-se seguro e evitar gastos irresponsáveis.
Por que investir?
Investir refere-se a destinar os recursos poupados a objetivos, utilizando-os para contribuir ou criar reservas financeiras e acumular patrimônio. E assim sendo, esses valores de investimento trazem renda ao longo do tempo e aumentam seu valor durante esse período.
Depois de poupar, o ideal é investir esse capital, fazer o dinheiro trabalhar por você.
Muitos brasileiros ainda têm medo de investimentos, geralmente por não ter conhecimento suficiente na área ou medo dos riscos que podem correr. Desta forma, devemos lembrar de um excelente professor na área de investimentos o Warren Buffett, que disse:
“Risco vem de você não saber o que está fazendo.”
Logo percebe-se que voltamos novamente na questão do conhecimento; é totalmente relevante que a sociedade seja ensinada sobre educação financeira, aqui temos a lição mais preciosa possível “Investir em conhecimento sempre paga os melhores juros” – Benjamin Franklin;
É necessário buscar conhecimentos constantes, muitos perdem dinheiro por não saber como investir da maneira correta, respeitando seu perfil de investidor e seus objetivos.
Como exemplo, podemos evidenciar o fato de que muitos brasileiros perderam dinheiro, ao deixarem seus recursos na poupança, fizeram o correto poupando, mas não conseguiram durante os últimos anos com o rendimento da poupança, cobrir a inflação do mesmo período.
E quando tem-se um investimento que a rentabilidade não cobre a inflação, acaba-se perdendo poder de compra do próprio, o que não deixa de ser perda de dinheiro, o investimento pode ser feito de outras formas, tão seguras quanto a poupança e com maiores retornos.
Alguns exemplos: tesouro Direto, CDB, LCI, LCA não faltam opções, basta criar coragem e parar de desperdiçar dinheiro, mas precisamos sempre lembrar que devemos investir de acordo com nosso perfil de investidor.
Outro exemplo, é não ter conhecimento suficiente, investir em ativos de maior risco, pensando somente na rentabilidade, sem respeitar seu perfil de investidor e acabar perdendo dinheiro.
É de suma importância conhecer seu perfil, muitos acreditam ter o perfil agressivo, mas quando notam em seus investimentos uma pequena volatilidade que seja acabam entrando em choque, portanto é essencial fazer o suitability (análise feita pelas corretoras e instituições financeiras para determinação do grau de tolerância ao risco de cada tipo de investidor) sendo o mais verídico possível.
e mais uma vez Warren Buffett nos ensina:
“Regra número 1: nunca perca dinheiro. Regra número 2: nunca se esqueça da regra número 1.”
Bom, mas a pergunta inicial é: por que investir?
E a resposta é simples, o rendimento do seu capital ajudará no crescimento de seu patrimônio e aquisição de reserva financeira será mais uma forma de renda, e como já mencionado o ideal é colocar o dinheiro para trabalhar por você.
O ato de investir não está relacionado somente a fazer aportes em alternativas do mercado financeiro para ganhar dinheiro. Se faz necessário ter uma estratégia de investimentos considerando suas metas, seu perfil de investidor e outros fatores importantes.
Se você não sabe como começar a investir, busque mais conhecimento sobre esse tema, nesse link: leia aqui. contém cinco passos para começar a investir. E além desse, estarão disponíveis abaixo mais alguns links que ajudarão a obter conhecimento sobre investimentos e educação financeira e o ajudarão com esses temas tão relevantes e atuais.
📌 Saúde e liberdade financeira, saiba por que começar logo: leia aqui.
📌 Planejamento financeiro – Como montar o seu? leia aqui.
📌 Investimento de alto risco? Conheça sobre gestão de riscos e os tipos de risco dos investimentos: leia aqui.
📌 O que é inflação e como se proteger com investimentos: leia aqui.
📌 Diversificação: leia aqui.
📌 Psicologia do dinheiro: “Para ter dinheiro é preciso ser muito inteligente!”: leia aqui. .
E por fim lembre-se “Depois que você tem uma base sólida de conhecimento, fica muito mais fácil aprender a investir e lidar com dinheiro.” – Rafael Seabra; “Uma jornada de mil quilômetros precisa começar com um simples passo.” – Lao Tzu. Está esperando o que para começar esse processo?! Busque conhecimento, poupe e invista!